quinta-feira, 20 de março de 2014

Terno Pacheco

 


   Comunidades que traem a memória da sua alma, perdem-se numa espécie de pacto metistofélico.
   Esta ressurreição de vozes, sem juízos, sem destinos é uma parte do que sou. A Eva que há em mim, gerada, crescida e cuidada para poder estar aqui agora. Os amores e os afectos que não confessei são os arrependimentos que me ocorrem. O resto diluiú-se já numa espécie de esquecimento, a anunciar o renascimento incerto. Nesse rio placentário me banho, me nado e testo.



Um vento leve, uma espuma

Do beijo fica um sabor,
do sabor uma lembrança,
um vento leve, uma espuma.

Do beijo fica um sereno
olhar, o amor de coisas
minúsculas e humildes,
um pássaro que vai e vem
da nossa boca às palavras.
Do beijo fica, suprema,
a descoberta da morte.
Um vento leve, uma espuma
salgada, à flor dos lábios.

Fernando Assis Pacheco