sexta-feira, 28 de março de 2014
Aos sacões, sacana alado
Nem para a Mariana
Nem sequer Juliana
nem,sequer, para a Diana.
Para ti, muito a sério, Joana
Caído num sono abafado
e depois, assim, resgatado
das fonduras dum mar
sargaçado, de pesadelos
pesados e azuis
das profundezas dum inferno
nunca visitado
só morno mas sem ar
suado e surdo
saio à rua...
uma rua é um caminho
e eu não quero ir
onde me levam estas ruas
que cercando a casa passam
num convite calado
à navalha, ao sangue, canalha
estou cansado
nenhuma rua é o meu caminho
para o corpo, para
um coração que bate
dentro, junto ao meu.
E quase vergo, na floresta
de sons negros, cinzas
e um verdadeiro real vermelho
se desapareces agora
desaparece o mundo
que ainda me reflete
e me respira na boca.
Por isso morto não sou...
Antes um estanho, um sobrevivido.
Nota - Foi intencional a escolha deste «estilo» convulso, arrítmico e «bruto» (não trabalhado). Coisas há desprovidas do elegante bater cardíaco. Foram espectros («sem estilo») que tentei convocar. Ao ritmo dum corpo violentamente agitado (aos sacões) que num vómito se purifica ou, num orgasmo se multiplica foi composta esta espécie de prece revoltada.