sexta-feira, 14 de março de 2014

Assim, porque não se toca no sagrado


                                                                                                                                         David Stone Martin (1966)



Feiticeira:
como, sem saberes,
sabes o que faço?
Que a verdadeira sabedoria
vem dum transe cego
aprendo-o, humilde,
agora
aqui
de ti.

Porque, imagina,
em grandes aflições
estava mesmo a (tentar) escrever
o poema com que me engravidaste.

... Que no que me falte
de talento e engenho,
de acerto e serena
aceitação do mundo,

me ampare a tua mão,
me guie o teu sexo e o sabor
do mel salgado.

Que esse cego saber
no meu peito se crave
e com fogo lá se grave.