Espera por mim
Espera por mim, que eu voltarei,
Mas tens de esperar muito
Espera quando a chuva amarela
Trouxer a tristeza,
Espera quando a neve vier,
Espera quando fizer calor,
Espera quando os outros não esperarem,
Esquecidos do passado.
Espera, quando das terras distantes
Não chegarem cartas,
Espera, quando até aqueles
Espera por mim, que eu voltarei,
Mas tens de esperar muito
Espera quando a chuva amarela
Trouxer a tristeza,
Espera quando a neve vier,
Espera quando fizer calor,
Espera quando os outros não esperarem,
Esquecidos do passado.
Espera, quando das terras distantes
Não chegarem cartas,
Espera, quando até aqueles
Que juntos esperam se cansarem.
Espera por mim, que eu voltarei,
Não perdoes àqueles
Que encontram palavras para dizer
Que é tempo de esquecer.
E se crêem, filho e mãe,
Que já não vivo,
Se os meus amigos, cansados de esperar,
Se sentarem à lareira
E beberem vinho amargo
Para me recordarem…
Espera. E com eles
Não te apresses a beber.
Espera por mim, que eu voltarei
A despeito da morte.
Quem não me esperou,
Que diga: ‘Teve sorte!’
Não compreendem os que não esperavam
Como no meio do fogo
A tua espera
Me salvou.
Como sobrevivi, saberemos
Apenas tu e eu, -
Foi porque me soubeste esperar
Como ninguém mais.
Espera por mim, que eu voltarei,
Não perdoes àqueles
Que encontram palavras para dizer
Que é tempo de esquecer.
E se crêem, filho e mãe,
Que já não vivo,
Se os meus amigos, cansados de esperar,
Se sentarem à lareira
E beberem vinho amargo
Para me recordarem…
Espera. E com eles
Não te apresses a beber.
Espera por mim, que eu voltarei
A despeito da morte.
Quem não me esperou,
Que diga: ‘Teve sorte!’
Não compreendem os que não esperavam
Como no meio do fogo
A tua espera
Me salvou.
Como sobrevivi, saberemos
Apenas tu e eu, -
Foi porque me soubeste esperar
Como ninguém mais.
Tradução de Manuel de Seabra/ JM .