Lia Melia
Só na aparência a óptica democrática do tudo igual...
O merecido silêncio celebra a força retomada
Das mãos que comandam o leme conduzindo a nave
ao seu destino incerto, não fosse essa a aventura.
Nem a pequena batota do pequeno faz-de-conta
que se vai aprendendo e sorridentemente praticando
nos retira a só nossa destinada certeza do corso,
vivido na aparente desordem com que as vagas lambem
ou atacam a nave. E há o vento e o sal que curtem peles.
Assim serão, tanto os dias de mares parados como os tempestuosos,
uns e outros feitos de incertezas, de quase vitoriosos desesperos,
Se a oceânica liberdade nada nos garante, faz-nos misteriosos.
Por isso o argonauta se alia ao vento, ao diabo, aos elementos.
Nada há à ré a não ser esquecimento e a cada milha mais, a certeza
da insignificância do destino. A verdadeira e comovedora
beleza, é, tão só a selvagem nau, vencendo a onda.
Nos breves momentos da solidão acalmada, do mar céu-luar,
do som líquido, da brisa e da paz (e de estrelas, irmão)
Prezam tanto marujo como capitão, não as tatuagens, mas as cicatrizes.
Se perfeitos homens houvessem, assim seriam. Felizes !