terça-feira, 25 de novembro de 2014

... e se destitulasse ?



Louise Richardson "Linen and Wool"

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Larkin. O luxo em Verdana




Wants
  
Beyond all this, the wish to be alone:
However the sky grows dark with invitation-cards
However we follow the printed directions of sex
However the family is photographed under the flagstaff –
Beyond all this, the wish to be alone.

Beneath it all, desire of oblivion runs:
Despite the artful tensions of the calendar,
The life insurance, the tabled fertility rites,
The costly aversion of the eyes from death –
Beneath it all, desire of oblivion runs.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Bombardíssimo




   Quem leu o post "Rua Miguel Bombarda, o Porto Arte Contemporânea, etc" de 7 de Novembro aqui fica a prova provada de que as paredes da toca (ou será mesmo, "gruta" ?) ficaram mais aconchegantes.
   No processo aprendi, pelo menos, coisas duas... Primeiro, que há instituições que aliam a eficácia e competência à sensibilidade desinteressada. Por isso, publicamente, aqui deixo agradecidas e admiradas gratidões à "Porto Lazer" e à sua funcionária que, neste caso, deu a cara e o nome, perante este humilde requerente, e que dá pelo nome de Carina Novo. A outra lição foi a de que aquilo que eu, cheio de amadorismo, chamei de "poster" afinal se chama "Mupi".
   Por estas e por outras, lá vamos não desanimando completamente e sobrevivemos ao convívio com tanto "colega de espécie" (parece que se chama humana) que não dispensa (se é que não se alimenta mesmo) da sua maldadezinha muito mesquinha e muito mal-cheirosa.
   Muito, e muitos, obrigado.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Bichos somos todos, higienes à parte


   Aqui fica este gato tatuado (literalmente) como promessa e lembrança de um texto a explicar a inexactidão e o facilitismo em que incorro ao dizer que «gosto de gatos» quando, na verdade o que sinto é que gostava que as pessoas fossem (mais) como eles. O que no trato humano e no seu convencionalismo aceite são características antagónicas que apenas serviriam para descrever um paradoxo vivente e como boutade de um afirmante a forçar uma estafada originalidade, ou seja, o bravio da selvagem memória, o quase dictatorial egoísmo, combinado com um irresistível anarquismo com que o bicho subverte a relação de posse e, a terminar(?), um espanto de charme, elegância e afecto dengoso, não é para todos.

   Eu, que cresci numa autêntica Arca de Noé onde, curiosamente, não havia gatos embora até um improvável e simpático casal de ouriço cacheiros marcasse presença e me desse presentes de Natal, o cão, pelo número, variedade de espécie e da ilimitada liberdade de que gozava, era rei incontestado. Por tudo isso (e pelo que veio depois) costumo pensar que «evoluí do cão para o gato». Um Darwin imaginado, imaginante e monteiroso, entender-me-ia perfeitamente.

   Na brincadeira e na dança digital ficou dito o que pensei dizer num outro dia... numa outra cama.


Horitomo "Tattooed Cat"

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Continuar





   Breve, breve, até porque se há momentos na vida em que o desperdício, ou a generosidade com que entregamos (o) tempo à morte é mais do que um direito, é (quase) um imperativo. Bem sei que, desde o século XVIII (e, por cá nunca) o conceito de "homem de qualidade" (mulher incluida, na história breve em que cabe a minha, brevíssima) passou de moda. Hoje, além de esquecido, mais do que desconhecido, é completamente imcompreendido e incompreensível. Sinal dos tempos, da decadência e da corrupção da carne, evidência do nosso desamparo.

  Bibliotecas de fingir, comida rápida em templo, não de jejum mas de repulsa, o coração de plástico, no jardim de plástico, na casa de plástico e eis-nos a um passo de uma vida de fingir e de fugir. Construir ficções com tinta, leva ao desaparecimento lento nos corpos de corações pulsantes, de sangue e  dor, mas, também e sobretudo, do riso e do amor. Pior, só a banalização alarve, o caricaturar das delicadas prácticas de pensar, sentir e dizer exercidos como quem devora, não por necessidade ou fome-fome mesmo, mas por uma espécie de apetite, voraz e canibal, herdado e já incorporado. Como evitar a repugnância 6perante a imagem das fuças debruçadas sobre a malga, o olhar guloso e feroz, a mandíbula forte e o dente afiado a precederem o proverbial arroto (quando não mesmo o vómito descomposto e fétido) dessas almas delicadas e sensíveis?

   Valha-nos a ironia do Velho, ou do que de divino sobrevive em nós que, frágeis sim, ridículos talvez, nos permite, ainda, erguer os olhos para um céu azul- azul, onde os pássaros nadam livres e livres nos possuem indiferentes ao pouco uso que damos ao que de precioso e raro por vezes nos habita ou convida ao abandono e à paz nessa imensa pátria onde a fraternidade é amiga e aliada sem que isso implique a necessidade de vestir a farda e sermos o que dizemos terem-nos mandado "ser". Talvez ainda possamos estender a mão e alcançar aquele ou aquela que regressa, ou sempre ali esteve e o maravilhamento dessa irónica (re)descoberta nos faça ignorar homens e mulherzinhas. Dizem os galegos: «há homens, homenzinhos, macacos e macaquinhos».

   E ponto e pronto. Há vergonha e pena, que pena!