Aqui fica este gato tatuado (literalmente) como promessa e lembrança de um texto a explicar a inexactidão e o facilitismo em que incorro ao dizer que «gosto de gatos» quando, na verdade o que sinto é que gostava que as pessoas fossem (mais) como eles. O que no trato humano e no seu convencionalismo aceite são características antagónicas que apenas serviriam para descrever um paradoxo vivente e como boutade de um afirmante a forçar uma estafada originalidade, ou seja, o bravio da selvagem memória, o quase dictatorial egoísmo, combinado com um irresistível anarquismo com que o bicho subverte a relação de posse e, a terminar(?), um espanto de charme, elegância e afecto dengoso, não é para todos.
Eu, que cresci numa autêntica Arca de Noé onde, curiosamente, não havia gatos embora até um improvável e simpático casal de ouriço cacheiros marcasse presença e me desse presentes de Natal, o cão, pelo número, variedade de espécie e da ilimitada liberdade de que gozava, era rei incontestado. Por tudo isso (e pelo que veio depois) costumo pensar que «evoluí do cão para o gato». Um Darwin imaginado, imaginante e monteiroso, entender-me-ia perfeitamente.
Na brincadeira e na dança digital ficou dito o que pensei dizer num outro dia... numa outra cama.
Horitomo "Tattooed Cat"