sábado, 4 de outubro de 2014
Quereres... Vontades
Paul Klee, "Sealed woman",(1930). Watercolour, pen and ink on paper
Volta-me o sangue à alma. Vá, rigor: lentamente, agora que adormeci torno a sentir o sangue a regar-me a alma. Embora me deixe indiferente (evito a expressão «estados de alma») doía-me já a secura na boca, nos olhos, nas evocações que não somos capazes de evitar.
Embora o saiba (desde) sempre, assusta-me a morte insone. É ao que se arrisca quem vai ao aeroporto apanhar o comboio, quem se julgou dispensado da missa e desdenhou o baptismo. Neste poço fundo onde sonho o escuro não é ausência de luz mas sim uma parede viva de cimento e pedra. Quem mergulha na culpa, entope-se de pecado ou renascerá despessoado, finalmente entregue à liberdade?