Perguntam-me em final de mail e jeito corriqueiro: «Se não há destinos, o que há?»
John Gutmann "The Artist Lives Dangerously" (1938)
O que há? Por oposição ou complemento a
destinos?
Não sei. Talvez acasos,
momentos, verdades que o não s(er)ão sempre. Se até nós (em carne e
no resto) somos organismos em mutação constante, perpétua, teimosa
e continuada, porque é que a vida, essa verdade grande, haveria de
posar, estática, só para tornar possível o nosso entendimento
dela?
Podemos sequer esperar que se imobilize
o mundo, e que o universo (esses sim, à nossa escala, infinitamente
grandes) deixem de respirar, apenas para que nós (infinitamente
pequenos) tentemos, por presunção e vaidade intelectual, encontrar
respostas?
Por amor ao amor, ou para tentarmos
vencer o medo e fazermos as pazes connosco e com a guerra com que
incendiámos a noite? Para nos entregarmos imaculados de culpa,
capazes de renascermos e, sorrindo, nos reinventarmos? Ou só para,
exultantes deuses mínimos, discursarmos a morte ?
Não te sei responder. Quando
morimbundar talvez sussurre uma improvável resposta . Se ainda te
interessar, tenta olhar-me o olhar. Provavelmente, serás tu a responderes-me