segunda-feira, 18 de novembro de 2013


As Mãos Limpas de Sangue


Se por um instante partir ou adormecer
Ou a madrugada me surpreender
Numa cama fria, num quarto desconhecido
Tanto faz...

Se p'la primeira vez olhar
As minhas mãos limpas de sangue
Não de substância mas de matéria
Chamar-lhe-ei Amor, cidade.

Vergado e vencido, orgulhosamente derrotado
Correrei inútil ao espelho e, sei-o hoje,
O meu olhar branco encontrará
Nem sequer vestígios de ti.

Sem um som, um pulso ou sequer uma sombra...
Com as mão limpas de sangue
Nada terei e hei-de sabê-lo.
Por isso as não levarei ao peito.

Se sobreviverem à memória
Hei-de encostá-las ao vidro
Retribuindo uma despedida que não houve
Ah, inúteis mãos limpas de sangue

Sujas de tudo o resto. E a tua voz:
Resta-nos nada. Sobra-nos tudo.
Um copo baço , bebido... um corpo inútil
Um corpo a mais, a promessa que te fiz!