domingo, 6 de abril de 2014

«Madame Bovary c‘est moi » (Gustave Flaubert)



     Nasceu este blog em 15/08/2009, às 01:27 com um post intitulado «assim ...sem mais» (um excerto de um poema de Mário Cesariny de Vasconcelos) *.
     Se não me faltam ou sobram dedos nem me falha a aritmética, dentro de 10 dias farão , quatro anos e sete meses. Nasceu identificado, com uma «política» de comentários abertos e assumidamente não confessional **.
     Essencialmente, os iniciais objectivos do blog eram, por um lado,  divulgar obras, autores ou outros afectos e, por outro, manter uma espécie de registo diarístico das minhas «preocupações» e dos meus interesses, tentando manter um difícil equilíbrio entre o que era (ou ia sendo) o «meu mundo», evitando sempre que possível exposições demasiado pessoais (critério eminentemente meu) e, até, autorais.
   Outro aspecto ao qual tentei manter uma vigilante atenção, foi evitar a verrina,, a crítica fácil, correndo o risco (consciente e assumido) de assumir uma postura demasiado «fechada». Tudo isto fez com que frequentasse muito pouco a chamada ( e é a primeira vez que utilizo a palavra) blogosfera. Não por desinteresse ou pose sobranceira, mas por entender que, dado o meu enunciado, pouco haveria a  «ganhar» com esse tipo de frequeência ou intercâmbio.
   Finalmente, nunca adulterei nem plagiei o que quer que fosse de outrém, e apenas em casos em que, por uma qualquer razão, não consegui identificar a autoria é que a omiti. À questão (sempre sensível) dos direitos autorais, e uma vez que sempre esteve absolutamente, fora de questão qualquer tipo de benefício pessoal na «apropriação» do alheio, E considerando a publicação de textos, imagens, músicas seria uma forma de as divulgar, compensando, por assim dizer, o eventual dolo aos autores.

   Passou-se com o blog, ao longo do seu tempo de existência, o que se passa com tudo na vida...foi-se alterando, alterando e corrigindo rumos, desinteressando-se de algumas coisas, ganhando curiosidades e interesses novos, enfim: cresceu como todos os organismos (se bem ou mal, é outra questão...). Uma das manifestações mais evidentes desta «evolução» foi a continuada e crescente aparição de textos da minha autoria. Esta circunstância, criou (principalmente) dois tipos de situações, qualquer uma delas desagradável e extemporânea: 1º ao surgimento de comentários que, classificaria no mínimo de desagradáveis. O que fez com que, a determinada altura, tenha acabado com a possibilidade dos leitores deixarem as suas apreciações e comentários. 2º ao aparecimento de leitores (conhecidos ou não) que têm uma práctica de leitura que, de todo, não coincide com a minha: ora se sentiam eles os visados ou, então, «liam-me» literalmente (e daí o título deste post...), narrador ou personagem de texto (onde, aliás, existem muito poucos enredos...) era eu.

   Se aqui deixo este longo desabafo, é numa vaga esperança, que o não façam. Torna-se asfixiante e, de certa forma, paranóico.

   Devo, no entanto, rematar confessando uma dualidade (quase antagónica) de sentimentos. Se, por um lado, são prácticas desagradavelmente inibitórias, por outro, apenas acontecem porque tenho leitores. E não posso deixar de lhes estar gratos pela paciência e estima com que me leêm.

   Portanto: obrigado, mas não exagerem!


*  -  http://sexanddrugsandprotestsongs.blogspot.pt/2009_08_01_archive.html

** - Não, não é gralha nem calinada... consulte-se o indispensável Dicionário Houaiss