domingo, 8 de março de 2015

Fosseis fósseis






O cigarro, o café, o sol a lembrar-me o que (ainda) vale a pena. Tenho pena (e que disso não passe), que as minhas inclinações, afectos, tempo e pena vão sendo absorvidos por objectos, bichos e outras presenças cada vez mais assumidamente não humanas, como se a minha pertença fosse outra como outra a família escolhida e eu satisfeito com isso.

Em suma hálitos e sons, tornaram-se sem conta, menos ainda intenção, ramos autónomos promovidos a tronco. Árvores, florestas, coisas (não fora a recentíssima confirmação científica de uma certeza, minha e antiquíssima (de sempre, na verdade) seiva e sangue que, agora quase me fazem voltar a acreditar), um imobilismo sussurrado, uma respiração salvadora.

Seja como fôr, continuo a amar-vos e a querer ver-vos mortos ou calados. Fósseis e vá não te queixes... é certo que os dias, o que com eles fizemos, como os ultrapassamos, os nossos trabalhos de Hérculos de trazer por casa, são contas de cama, intimidades burguesas, cujo único vestígio de grandeza está confinado a constar num inquérito de curiosidades cujo exercício de resposta nos obrigará a encarar o espelho, a resignadamente nos desinteressarmos de nós e internarmo-mos ou mergulharmo-nos na floresta, se preciso fôr para desaparecrmos. A palavra, essa, ficará por vossa conta.