quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Michaux




O pássaro que se apaga

   É durante o dia que ele aparece, no dia mais branco. Pássaro.
   Bate as asas, voa. Bate as asas, apaga-se.
   Bate as asas, ressurge.
   Pousa. E depois desaparece. Com um bater de asas apagou-se no espaço branco.
   É assim que se comporta o meu pássaro familiar, o pássaro que vem povoar o céu do meu pequeno pátio. Povoar? Bem se vê de que maneira...
   Mas permaneço quieto, a contemplá-lo fascinado pela sua aparição, fascinado pela sua desaparição.

    in "Antologia - Henri Michaux", trad. Margarida Vale de Gato (Ed. Relógio d'Água, 1999)