sábado, 2 de maio de 2015

Dois de Maio do tal dois mil e quinze









































Um propósito uma intenção seca - algo que talvez não devesse aqui estar



E ainda ou mesmo assim. Urgência, imposição, algo em que não quero gastar palavras nem respirações. Ah, e sobretudo explicações que a ninguém devo!

Sem mistérios nem empenhos. Talvez
uma espécie de vingança futura. No perdão nem tudo cabe
para mais quando lhe retiramos o esquecimento.
Há-de ser comestível, selvagem, sacana e cego.
Seu combustível (pelo que passou já) indizível
em palavras de gente, o que ainda se descobre
nessa pilha de silêncios urdidos, de roubos leves
de fatalidades. Enfim, de tudo aquilo que nos faz passar por família
a caber numa sala, num pedaço de terra e só não numa língua
porque, de infâmia em infâmia, perdemos o direito
aos seus consolos e ao possível perdão que só ela nos poderia dar.

Somos fracos demais para suportar a dor, para carregar a culpa.
Tanto, que por mim, morreu já a esperança ou crença de ainda podermos ser
fruto ou pedra, com um pouco de calor um animal até.

Certezas assim, que como uma onda bruta e fria, não esgota
a força do embate nesse choque e sobra-se em gotas invisíveis
e em espumas flutuantes. Sem protestos ergue-se nos ares e aproveita
ventos, sopros e arrepios para anunciar a sua milenar memória.