quinta-feira, 10 de julho de 2014

Anticlímax


                                                                           
                                                                                                                                       Robin McCarthy


   Surpreendo-me tão forte na determinação de não querer saber (afinal, um direito universal, que deveria estar consagrado, em constituições, estatutos, contratos sociais de toda  a espécie, casamento incluído), que desconfiando da memória recente e da sua bondade ou inteligência, passo em revista, sob múltiplos ângulos, os dias ainda presentes, as conversas tidas, os silêncios cultivados (os belicosos e os outros), as aparências e as ilusões.

    Em vão... qualquer que seja a abordagem, o método (as intenções, essas, guardo-as para mim) apenas um nevoeiro fora de época e muito pouco imaginador. É pois o espanto que me detém e, não muito saudavelmente, me põe a castalhenar em voz alta. Tudo, afinal, histórias sem saúde nem grandeza, não merecedoras de narrativas, nem narrações, quanto mais alterações de batimentos cardíacos. Um punhado de «afinais», raros «apenas», fazem-me suspeitar de mera aplicação de aluno aplicado (mas, as intenções essas, como disse, guardo-as para mim)...

   Não me posso impedir um sorriso a mim facturado, perante a constatação que o mais parecido com o vazio e a saudade (se lhe quiserem ver sombra ou sugestão de drama triste, seja o vosso apetite saciado) é ausência da dádiva... e o esforçado empenho de quem tem apenas fantasias para oferecer e se deixa no que dá.