domingo, 30 de setembro de 2012

File-Sharing for Personal Use Declared Legal in Portugal

Hoping to curb the ever-increasing piracy figures in Portugal, local anti-piracy outfit ACAPOR reported the IP-addresses of 2,000 alleged file-sharers to the Attorney General last year. This week the Portuguese prosecutor came back with a ruling and decided not to go after the individuals connected to the IP-addresses. According to the prosecutor it is not against the law to share copyrighted works for personal use, and an IP-address is not enough evidence to identify a person.
 Wearing T-shirts with the slogan “Piracy is Illegal”, the movie industry sponsored anti-piracy group ACAPOR delivered several boxes full of IP-addresses of alleged ‘illegal’ file-sharers to the Attorney General’s Office last year.
The “evidence” was handed over in two batches and the group demanded the authorities act against 2,000 alleged pirates.
“We are doing anything we can to alert the government to the very serious situation in the entertainment industry,” ACAPOR commented at the time, adding that “1000 complaints a month should be enough to embarrass the judiciary system.”
However, a year later it turns out that ACAPOR’s actions have backfired and the anti-piracy group is now facing the embarrassment.
ACAPOR delivering the complaints
acapor
The Department of Investigation and Penal Action (DIAP) looked into the complaints and the prosecutor came back with his order this week. Contrary to what the anti-piracy group had hoped for, the 2,000 IP-addresses will not be taken to court.
Worse for ACAPOR, the prosecutor goes even further by ruling that file-sharing for personal use is not against the law.
“From a legal point of view, while taking into account that users are both uploaders and downloaders in these file-sharing networks, we see this conduct as lawful, even when it’s considered that the users continue to share once the download is finished.”
The prosecutor adds that the right to education, culture, and freedom of expression on the Internet should not be restricted in cases where the copyright infringements are clearly non-commercial.
In addition, the order notes that an IP-address is not a person.
The ruling explains that the person connected to the IP-address “is not necessarily the user at the moment the infringement takes place, or the user that makes available the copyrighted work, but rather the individual who has the service registered in his name, independent of whether this person using it or not”
This means that the account holders connected to these 2,000 IPs are not necessarily all copyright infringers, similar to orders we’ve seen in the United States previously.
Finally, the prosecutor ruled that even if file-sharing for personal use would be seen as illegal, the artists themselves should explicitly declare that there are not authorizing copying for personal use.
ACAPOR boss Nuno Pereira is disappointed with the decision and he accuses the prosecutor of dropping the case because it’s the easy way out.
“Personally I think the prosecutors just found a way to adapt the law to their interest – and their interest is not having to send 2,000 letters, hear 2,000 people and investigate 2,000 computers,” Pereira says.
Another way to frame it is that the prosecutor adapted the law in the interest of the public at large, which is generally speaking not a bad idea.
While the decision is hopeful for Portuguese file-sharers, it is still a matter of how the law is interpreted. For now, however, it is save to assume that Portugal is spared from the mass-BitTorrent lawsuits we’ve seen in the United States, Germany and the UK.

2 poemas zen



As palavras não fazem o homem compreender
é preciso fazer-se homem para entender as palavras.



Se acaso vires na rua um homem iluminado,
não o abordes com palavras, não o abordes com silêncio.

Herberto Hélder, in "O Bebedor Nocturno"

sábado, 29 de setembro de 2012

lapin foi ao cinema

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Pássaros Prevertianos

                          O Céu, Henri Matisse
Chanson de l'oiseleur
L'oiseau qui vole si doucement
L'oiseau rouge et tiède comme le sang
L'oiseau si tendre l'oiseau moqueur
L'oiseau qui soudain prend peur
L'oiseau qui soudain se cogne
L'oiseau qui voudrait s'enfuir
L'oiseau seul et affolé
L'oiseau qui voudrait vivre
L'oiseau qui voudrait chanter
L'oiseau qui voudrait crier
L'oiseau rouge et tiède comme le sang
L'oiseau qui vole si doucement
C'est ton coeur jolie enfant
Ton coeur qui bat de l'aile si tristement
Contre ton sein si dur si blanc




Pour faire le portrait d'un oiseau
Peindre d'abord une cage
avec une porte ouverte
peindre ensuite
quelque chose de joli
quelque chose de simple
quelque chose de beau
quelque chose d'utile
pour l'oiseau
placer ensuite la toile contre un arbre
dans un jardin
dans un bois
ou dans une forêt
se cacher derrière l'arbre
sans rien dire
sans bouger ...
Parfois l'oiseau arrive vite
mais il peut aussi bien mettre de longues années
avant de se décider
Ne pas se décourager
attendre
attendre s'il le faut pendant des années
la vitesse ou la lenteur de l'arrivée de l'oiseau
n'ayant aucun rapport
avec la réussite du tableau
Quand l'oiseau arrive
s'il arrive
observer le plus profond silence
attendre que l'oiseau entre dans la cage
et quand il est entré
fermer doucement la porte avec le pinceau
puis
effacer un à un tous les barreaux
en ayant soin de ne toucher aucune des plumes de l'oiseau
Faire ensuite le portrait de l'arbre
en choisissant la plus belle de ses branches
pour l'oiseau
peindre aussi le vert feuillage et la fraîcheur du vent
la poussière du soleil
et le bruit des bêtes de l'herbe dans la chaleur de l'été
et puis attendre que l'oiseau se décide à chanter
Si l'oiseau ne chante pas
c'est mauvais signe
signe que le tableau est mauvais
mais s'il chante c'est bon signe
signe que vous pouvez signer
Alors vous arrachez tout doucement
une des plumes de l'oiseau
et vous écrivez votre nom dans un coin du tableau.

Jacques Prévert

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

poesia e (ou vs) burguesia



(…)
Paro um pouco a enrolar o meu cigarro (chove)
e vejo um gato branco à janela de um prédio bastante alto…
Penso que a questão é esta: a gente -  certa gente – sai para a rua,
cansa-se, morre todas as manhãs sem proveito nem glória
e há gatos brancos à janela de prédios bastante altos!
Contudo e já agora penso
que os gatos são os únicos burgueses
com quem ainda é possível pactuar -
vêem com tal desprezo esta sociedade capitalista!
Servem-se dela, mas do alto, desdenhando-a…
Não, a probabilidade do dinheiro ainda não estragou inteiramente o gato
mas de gato para cima – nem pensar nisso é bom!
Propalam não sei que náusea, retira-se-me o estômago só de olhar para eles!
São criaturas, é verdade, calcule-se,
gente sensível e às vezes boa
mas tão recomplicada, tão bielo cosida, tão ininteligível
que já conseguem chorar, com certa sinceridade,
lágrimas cem por cento hipócritas.
E o certo é que ainda têm rapazes de Arte, gente
que pôs a alegria a pedir esmola e nessa mesma noite
foi comprar para o cinema
porque há que ir ao cinema, ele é por força, é por amor de Deus, ah, não! não!
isso não!, não se atravessem nesta bilheteira!!
Vamos estar tão bem! Vai tudo ser Tão Bonito!
Ah, e quem é que, vê o logro? A quem é que isto cheira a ranço?
Porque é que a freguesa de Panos Limitada não exige três quartas de cinema
e sim três quartas partes pretas de lã carneira?
Porque é que a pianista compra do Alves Redol
quando está a pensar nas pernas e no peito do louro galã yankee?
E porque raio despede o senhor Director três humílimos empregados
quando a verdade é que já lá vão três meses e ainda
não viu um que lhe enchesse
as medidas?
- Com certa espécie de solidariedade
lembro-me de ti, Mário de Sá-Carneiro,
Poeta-gato-branco à janela de muitos prédios altos…
Lembro-me de ti, ora pois, para saudar-te,
para dizer bravo e bravo, isso mesmo, tal qual!
Fizeste bem, viva Mário!, antes a morte que isto,
viva Mário a laçar um golpe de asa e a estatelar-se todo cá em baixo
(viva, principalmente, o que não chegaste a saber, mas isso é já outra história…)
E com uma solidariedade muito mais viva
lembro-me de ti, meu vizinho de baixo,
sapateiro-gato-branco mas no rés-do-chão, desta vez
É curioso que não te possas suicidar
só porque a tua janela está ao nível do mundo
e que cantes alegremente de manhã à noite
com uma casa de seis andares em encima de ti.
Também tu foste empurrado, também te disseram: Fora, gato!
Mas achaste isso quase natural (e não o é, deveras?)
E agora, guardando em ti todas as tuas grandes qualidades
vais vivendo um pouco à margem, um pouco no quinto andar…
Deito fora o cigarro que já me sabia a amargo
e decido-me a andar mas para quê ? Mas para onde ?
As lojas estão todas abertas mas nunca se viu coisa tão fechada
Ah! heróis do trabalho, que coisas raras fazeis!
Não sou um proletário – vê-se logo
- mas odeio cordialmente a gataria
e quanto a crocodilos, nem os do Jardim Zoológico me atraem
quanto mais estes! E aqui é que começa o embróglio…
O pouco amor que eu tive à burguesia
deixei-o todo numa casa de passe
quando me perguntaram: quer assim ? Ou assim ?
E agora, era fatal, falto ao escritório,
falto ao escritório, pontualmente, todas as manhãs.
Mas vejamos, ó minha alma, se podes, arrumemos
um pouco a casa escura que te deram.
(…)

Mário Cesariny de Vasconcelos, in "Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos"




Burgueses somos nós todos
ou ainda menos.
Burgueses somos nós todos
desde pequenos.

Burgueses somos nós todos
ó literatos.
Burgueses somos nós todos
ratos e gatos.

Burgueses somos nós todos
por nossas mãos.
Burgueses somos nós todos
que horror irmãos.

Burgueses somos nós todos
ou ainda menos.
Burgueses somos nós todos
desde pequenos.

Mário Cesariny de Vasconcelos, in "Nobilíssima Visão"

domingo, 23 de setembro de 2012

Para acabar de vez com o assunto

    Passado o tempo sobre o texto de PPP, constata-se que a todos nos transformaram consentidamente  em burgueses. E a burguesia é canibal e contaminante.Por achar o facto esclarecedor na sua tristeza, abstenho-me de tecer considerações sobre a moeda de troca ou, como agora se diz, "a taxa de câmbio". O sonho é o que é. Com as devidas distâncias (e já lá vão 40 e tal anos) convoco o desalinhamento ideológico de Pier Paolo Pasolini, pertencente a uma espécie,(ao que tudo indica), hoje extinta. Parece-me irrelevante a razão ou desrazão do que diz, ressalto o olhar desassombrado e, sobretudo, a atitude antiburguesa por excelência chamada olhar pessoal.
   O que vejo nas palavras de ordem, o que (pre) sinto nas motivações nada tem a haver com sonho, com poesia, com beleza ou utopia.
   Com a boa consciência burguesa, consolemo-nos com o facto dos polícias já não serem (filhos do) povo. 
   Talvez tenha acabado a luta de classes. Se assim fôr, saiamos à rua e gritemos alto (enfim libertos da chatérrima opção de sermos livres):
   « - A luta de classes morreu! Viva a telenovela!»



O PCI aos jovens!
(*trechos da histórica poesia que Pier Paolo Pasolini publicou na revista L’Espresso em Junho de 1968 – por causa de, ou sobre, uma manifestação estudantil em Roma).

Lamento. A polémica contra
o PCI tinha que ser feita na primeira metade
da década passada. Vocês meus filhos, estão atrasados.
E não importa que vocês não tivessem ainda nascido...
Agora os jornalistas do mundo inteiro (inclusive os da televisão)
ficam dando-vos graxa (como acho que ainda se diz na linguagem das universidades)
Eu não, meus amigos.
Vocês têm cara de filhos do papá.
Odeio-voscomo odeio os vossos pais.
Filho de peixe sabe nadar.
Vocês têm o mesmo olhar maligno.
São medrosos, inseguros, desesperados
(ótimo!), mas também sabem como ser
prepotentes, chantagistas, convencidos, descarados:
prerrogativas pequeno-burguesas, meus amigos.
Ontem no Valle Giulia, quando vocês lutavam
com os policias,
eu simpatizava com os policias!
Porque os policias são filhos de gente pobre.
Vêm das periferias, rurais ou urbanas que sejam.
Quanto a mim, conheço muito bem
a forma como foram crianças e rapazes,
as preciosas mil liras, o pai que também continuou sendo um rapaz,
por causa da miséria, que não confere autoridade.
A mãe calejada como um carregador, ou delicada,
devido a alguma doença, como um passarinho;
os irmãos todos;
(...)
E depois vejam como os vestem: como palhaços,
com aquele pano grosseiro que fede a rancho,
caserna e povo. O pior de tudo, naturalmente,
é o estado psicológico a que são reduzidos
(por umas quarenta mil liras ao mês):
nem
mais um sorriso,
nem amizade alguma com o mundo,
separados,
excluídos (numa exclusão que não tem igual);
humilhados pela perda da qualidade de homens
em troca da de policias (ser odiado faz odiar).
Têm vinte anos, a vossa idade, meus caros e minhas caras.
Estamos obviamente de acordo contra a instituição da polícia.
Mas voltem-se contra a Magistratura, e vão ver!
Os jovens policias
que vocês por puro vandalismo (de nobre tradição
herdada do Risorgimento) de filhos do papá, agrediram
pertencem a outra classe social.
No Valle Giulia, ontem, tivemos assim um fragmento
de luta de classes: e vocês, meus amigos (embora do lado da razão)
eram os ricos, enquanto os policiais (que estavam do lado errado)
eram os pobres.
Bela vitória, portanto, a vossa! Nestes casos,
aos policias dão-se flores, meus amigos.Popolo e Corriere della Sera, Newsweek e Monde enaltecem-vos. Vocês são os seus filhos,
a sua esperança, o seu futuro...
(...)
É isso, caros filhos, que vocês sabem.
E que aplicam através de dois sentimentos irrevogáveis:
a consciência dos vossos direitos (como se sabe a democracia
só vos leva em conta a vocês) e a aspiração
ao poder.
Sim, as vossas palavras de ordem versam sempre

a tomada do poder.
(...)
Vocês ocupam as universidades,
mas suponham que a mesma idéia ocorra
aos jovens operários.
Nesse caso,
o Corriere delle Sera e Popolo, Newsweek e Monde
procurariam com a mesma solicitude
compreender os problemas deles?
A polícia limitaria-se a levar umas pancadas
dentro de uma fábrica ocupada?
Trata-se de uma observação banal;
e constrangedora. Mas sobretudo inútil:
porque vocês são burgueses
e portanto anticomunistas...
(...)
Falando assim,
vocês pedem tudo com palavras,
ao passo que com os actos, só pedem aquilo
a que têm direito (como bons filhos da burguesia que são):
uma série de reformas inadiáveis
a aplicação de novos métodos pedagógicos
e a renovação de um organismo estatal.
Bravo! que nobres sentimentos!
Que a boa estrela da burguesia vos proteja!
(...)

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Utopias e Distopias: "A solidão é uma espécie de razão", ou "esta multidão não me dá tesão"



   Nos infinitos canais chegam notícias de marés, ruas a transbordar festa, fraternidades que a desgraça cria. Pena que o filme não tenha começado agora, pena que não consiga esquecer as razões de tudo isto (na floresta a árvore  mais alta é a geneológica). Beberia esse vinho p'las razões erradas, sendo certa a bebedeira triste e  ressaca a condizer.
   A tristeza vem toda de virar costas à afectividade fraterna do momento. Não reconheço nos rostos, nas palavras e nas razões nada de novo. Invejo, como disse, a fraternidade e a criatividade de quem não é useiro do protesto... Lamento (e dói-me) a ausência ou a banalidade do sonho.

   Encheram-se as ruas de votantes, de irmãos que recusam militantemente a liberdade e o pensamento, dos que persistem em, pragmáticos, só sentir a(s) ausência(s). Por um dia os centros comerciais estiveram menos passeados, as prestações mais pesadas, os meninos príncipes herdeiros da incúria solteira e virginal.
   Montou-se o tribunal do costume e eu já não tenho dentes para crónicas policiais nem juízo para esse tipo de paciência.A gloriosa jornada de protesto parece-me apenas uma agitada assembleia de accionistas... e eu não me sinto sócio desse negócio!

   Alheado mas não indiferente, resta-me (ou sobra-me) a esperança seminal duma natureza em que ao namoro suceda a cama e a esta o menino. Se tiver que ser de falo recolhido... pois que seja!

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ele p'ra ela

05-cla-amuo


(Carlos Tê)

Vejo que estás mais crescida
Já dobras a frustração
Bates com a porta ao mundo
Quando ele te diz não

Envolves o teu espaço
Na tua membrana ausente
Recuas atrás um passo
Para depois dar dois em frente

Amuar faz bem
Amuar faz bem

Ficas descalça em casa
A fazer a tua cura
Salva por um bom amuo
De fazer má figura

Amanhã o mundo inteiro
Vai perguntar onde foste
E tu dizes apenas
Que saíste, viajaste

Amuar faz bem
Amuar faz bem

Nada como um bom amuo
Apenas um recuo quando nada sai bem

E depois voltar
Como se nada fosse
E reencontrar o lugar
Guardado por um bom amuo

Ela p'ra ele

02-cla-adeus amor (bye bye)


(Carlos Tê)

Adeus amor que cresci
Já pouco me tens a dizer
Já bebi tudo de ti
Que de bom tinha a beber

Adeus amor, vou embora
Não me impeças por favor
Sabes que só vou agora
Porque dei tempo ao amor

Não suporto o teu modo
Carinhoso e paternal
No tom de quem sabe tudo
Sem saber o essencial

Adeus amor já me cansa
A canção do teu cinismo
Essa pose de quem dança
Sempre à beira do abismo

Adeus amor que cresci
Pouco me tens a dizer
Já bebi tudo de ti
E há mais mundo a beber

Não suporto o teu modo
Carinhoso e paternal
No tom de quem sabe tudo
Sem saber o essencial

Aluno Externo e Impaciente



   Resta a música para esconjurar este silêncio (outros haverá) que se sente como uma espécie de discurso do vazio, para não dizer outra coisa. Era hora e luz de pássaros; passada essa chegaria a dos automóveis... mas houve só continuação ameaçante das gaivotas. Duvido que chegue a dos homens e nada disto me interessa verdadeiramente, embora seja certo que sinto falta da passarada. De bichos é assim: aves e gatos. Matuto na ironia: presas e predadores.

   Quem esteve preso ou, contra vontade, militou num qualquer tipo de internamento, sabe que um homem despojado dum mínimo de objectos e imagens, de sons-confortos, da ínfima presença de caras e afectos, caminha a passos largos para uma espécie de afogamento em vida, para uma diluição agitada mas brevíssima. É disso que nessas alturas se tem medo, e este é a antecipação, o (ante)construir e o pré-vivenciar...

   Será portanto esta uma tristeza muito alegre, muito gaiteira e assobiante. Penso em palavras... quando somos pequenos não temos apetites, temos quereres (urgentes e imperiosos), depois crescemos, civilizamo-nos e insultamos a vida, persistente e diariamente: «apetecem-me bifes e beijos». Querer "querer", já não queremos nada.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

pedir desculpas... a quem??





Ah, si j'étais un mec sérieux
J'aurais une femme et des enfants
Un pavillon en banlieue
Un prêt sur le dos pendant 20 ans

Tous les matins dans le métro
Avec mon costard de blaireau
J'irais bosser comme tous ces cons
Je serais cadre dans la manutention

Mais je suis un peu déjanté
Et puis j'ai pas envie de bosser
Moi, je fais de la guitare
Je voudrais être une star

Célibataire endurci
On envie mon indépendance
Moi, je me la joue artiste maudit
Ça me donne un genre, de la prestance

Ah, si j'étais un mec baraque
Je défendrais la veuve, l'orphelin
Je distribuerais les coups, les claques
Comme on distribue des bons points

Ah, si j'étais une marmule
Il y aurait du sang sur les murs
Le premier qui me mate de travers
Je lui mets la tête à l'envers

Mais je suis un gringalet
Alors je suis pour la paix
J'essaie toujours de discuter
De ne jamais m'énerver


Mais je suis un maigrichon
Mon seul sport, c'est la course à pied
Pour éviter tous ces cons
Qui en veulent à mon porte-monnaie

Ah, si j'étais un dieu au lit
Je tromperais ma femme plus souvent
Avec des filles et des jolies
Qu'auraient à peine 18 ans

Ah, si j'étais un étalon
Je ferais des partouzes dans mon salon
J'inviterais toutes mes amies
Et je pourrais tenir toute la nuit

Mais, je suis un mauvais coup
Un coup trop rapide ou trop mou
Les filles rient jusque dans mon lit
Au bout de deux fois, elles s'enfuient

J'ai le sex-appeal d'une serpillière
Je suis obligé de faire boire pour plaire
C'est peut-être un peu dégueulasse
Mais vous feriez quoi à ma place

Ah, si j'étais grand et beau
Et si j'étais un gros costaud
Ah, si j'avais une jolie peau
Et si on m'appelait Rocco

Ah, si j'étais un peu de tout ça
Je te jure que je serais pas là
A chanter des chansons débiles
Juste pour impressionner les filles

domingo, 9 de setembro de 2012

L'Homme / La Femme - Man Ray

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Slumber

domingo, 2 de setembro de 2012

Lembrete

01 - lonesome piéton
 (abrir em novo separador e ouvir durante a leitura)

   Diz-me alma amiga, amável e sábia que da morte, da tristeza e afins se deve a todo custo evitar culto, praticar devoção... enfim, fugir (senão mesmo negar) qualquer aproximação fascinada ao que comunmente se chama de "mórbido". Não tenho como, nem sequer porque, negar o que o bom-senso obvia e o conforto espiritual recomenda. Perfilho a afirmação assim como fraternizo quem a profere.
   Porque então este amargo de boca, esta insidiosa sensação de vazio, esta azia, na boca cheia das certezas e das digestões previsíveis?
   Por ser tarde, ou por estar cansado ou vazio, adio a resposta que sei (e teimo em registar, como verdade tatuada em papel... tudo virtualidades); ponho o Leotard a cantar por mim, como convém a esta espécie de gigolo existencial, que só percebe o que perdeu, quando se vê na situação de nada (ou pouquíssimo, pouqérrimo) ter a perder. «Nem sequer a vergonha» grita a voz esganiçada ao fundo da sala. Sorrio («vergolho») resignado. Vergonha, senhores, é ter fronha resignada, é caber no vocábulo r-e-s-i-g-n-a-ç-ã-o




Je suis seul dans la rue et je chante pour moi
Je suis seul dans ma peau et je pleure pour rien

I´m a poor lonesome piéton
A long way from my maison

Je me plie au poids des paresses
Je me fie à mes pas perdus
Qui vont toujours toujours ailleurs

I´m a poor lonesome piéton
A long way from my maison

Je suis seul dans la ville
Et c´est encore de moi
Qu´il faut que je m´ne aille
Je sauterai de ma vie
Comme d´un train en marche

I´m a poor lonesome piéton
A long way from my maison

"There was never a man like my Johnny
Like the one they call : Johnny Guitar..."