sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Aluno Externo e Impaciente
Resta a música para esconjurar este silêncio (outros haverá) que se sente como uma espécie de discurso do vazio, para não dizer outra coisa. Era hora e luz de pássaros; passada essa chegaria a dos automóveis... mas houve só continuação ameaçante das gaivotas. Duvido que chegue a dos homens e nada disto me interessa verdadeiramente, embora seja certo que sinto falta da passarada. De bichos é assim: aves e gatos. Matuto na ironia: presas e predadores.
Quem esteve preso ou, contra vontade, militou num qualquer tipo de internamento, sabe que um homem despojado dum mínimo de objectos e imagens, de sons-confortos, da ínfima presença de caras e afectos, caminha a passos largos para uma espécie de afogamento em vida, para uma diluição agitada mas brevíssima. É disso que nessas alturas se tem medo, e este é a antecipação, o (ante)construir e o pré-vivenciar...
Será portanto esta uma tristeza muito alegre, muito gaiteira e assobiante. Penso em palavras... quando somos pequenos não temos apetites, temos quereres (urgentes e imperiosos), depois crescemos, civilizamo-nos e insultamos a vida, persistente e diariamente: «apetecem-me bifes e beijos». Querer "querer", já não queremos nada.