quarta-feira, 9 de maio de 2012


A Explicação do Mundo segundo um Guarda Nocturno


A Maia cheira mal (esta noite?)
A minha vida também não cheira por aí além.
Entre a merda industrial e a existencial
Existirá, talvez, a diferença invisível dos
Corpos que se não querem já.

Esta noite, esta noite

Magoar o papel com verdades universais
(“Ah, ele escrevia com uma navalha!”)
Que de tão sabidas se tornaram esquecidas
Parece agora exercício canalha.

Esta noite é a evidência dos meus dias

Mais do que não querer é, visceralmente depender
Dessa negação, de invisibilizar a carne
Que se não quer já, como num desmaio.
A agonia do desejo é o anúncio da morte

A noite dos lugares comuns, do duvidoso gosto.

O frio que sentes assusta-te... de caralho.
Não há casaco que te valha, nem mortalha
Nú na terra, vejo-te o olhar espantado
pelo desamparo e, juro, abraçava-te

Este cheiro anoitece-me de verdade

Esta noite, esta noite
Esta noite é a evidência dos meus dias
A noite dos lugares comuns, do duvidoso gosto
Este cheiro anoitece-me de verdade

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