Resta-nos andar, correr e esquecer.
Tudo em excesso e dessa desmesura
depender.
Talvez o desespero apague as imagens, e
essa falta de ar
No nosso peito nos faça renascer.
Fugi de casa, da escola, da tropa e
até,talvez, de mim.
Todas fugas em frente. Por isso me
imunizei aos discursos,
às palestras, às lições e mergulhei
numa ignorância muito esclarecida.
Não me consegui construir, nem no
abandono, nem no silêncio.
De menino velho, queimando etapas,
cheguei a homem
Quixotescamente quero chegar a velho
pequenino.
Num, só meu, humor africano: primeiro
bebi leite, depois chá, agora vinho...
Carregando uma ancestral fome, e uma
insaciável sede
Venero antepassados e neles o nada, cuidadosamente numa arca
dobrado
Juntamente com a loucura, a incerteza e,
imagino, o sonho.
Não sei se nos granitos e na bruteza
cabiam amor ou, sequer, afagos
Mas olhares e afectos concerteza, nem
que tivessem sido só na velhice
Na hora da morte, da paz ou do medo. Também
essa sombra me acompanha,
A da carne a acontecer, suada,
humilérrrima ou exigente
Uma solidão do meio de toda a
gente, aquele ter que ser.
Honra vos seja: pobreza que não miséria
e visceral horror da servil escravidão!
Se nome havia a honrar, dir-mo-eis mais
tarde, num prolongado abraço, ou então
Talvez, num virar de costas, num
renegar de nós, comunidade maldita.
Dar-me-eis, isso é certo, enxada e
canivete e toda a sabedoria
Da terra à qual voltaremos. E acabo
repetindo-me: fui o que fui capaz.
Fui enrugado menino, hei-de morto ser.
Nunca RAPAZ!
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