segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O nobre (aristrocata) de Braga e o outro...

   




   Pego no jornal e leio algo que, apesar de fait-divers, me interessa pessoalmente. Um indivíduo e a sociedade. Dúplice ou eliminante. Ele, ela, talvez a vida e talvez por isso me cause esse estranho interesse pessoal.
    Quando a máscara se cola à cara como saber qual o (verdadeiro) rosto? Provavelmente a informe massa de carne viva, latejante, sangrenta, mas isso é uma ferida e não um rosto. Eis-nos perante uma situação de ilegalidade. A sociedade cria e executa mas, sobretudo pune os incumprimentos.
    Indivíduos que sentem / vivem integralmente o drama de não saberem quem são. Apanhados numa situação de dupla personalidade, vivem-na completamente (e o “espelho” confirma essa situação “paranóide”): já não são quem foram, mas essa “existência” passada impede-os de construirem uma nova, ficando, por assim dizer, prisioneiros do passado e castrados de futuro mas, sobretudo, atolados no presente. Seres invisíveis, fantasmas errando por cidades como esta, hoje e, parece-me, amanhã.
   Talvez o meu medo seja, a tão grande distância, também eu ser o que morreu e o que matou, e o meu mundo não o que sonho, com sons de pássaros, risos, palavras segredadas e tristezas suportáveis, mas aquele que impudicamente se expõe, de perna aberta e alma ausente, no papel pardo daquele jornal passado de mão em mão, destinado à lixeira dum incompreensível olimpo.