E, assim,de manhã (na verdade cada vez mais tarde) limpo cinzeiros, procuro arejar o castelo, tento esquecer a doída cabeça e o corpo cansado. Por breves instantes, tento convencer-me que mais tarde ninguém aparecerá, forçando portas e impondo presenças. Evoco pássaros e afagos e, depois do café que não bebo, começo a preparar croquetes, a verificar gelos e confortos vários a que a absurda hospitalidade obriga. A única coisa que imagino faltar seria um ressuscitado Cunhal a evocar uma "Casa com paredes de vidro". «Estou perdido, ou em vias de extinção...» consolo-me vagamente, olhando o cigarro ou melhor, as volutas de fumo a comporem um inquieto auto-retrato.
"Quelle atroce invention que celle du bourgeois, n'est-ce pas?" (Gustave Flaubert)
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