segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Anno Domini - prosa líquida (e porque não?) ou só lenga-lenga


amor discreto
suave afecto
olhar directo
discurso aberto...

nas horas que são (e no tempo que nada é)
fica assim apenas um areal, nem de grãos
feito, nem de paraísos prometidos.

mais que realidades, possibilidades.
pois não há anjos prováveis
nem enredos e, menos ainda, sussurrações.

(bebido, liquidamente nú
frente ao espelho, à espera da resposta
que não há, nem é suposto haver.)

como quando se fica, assim,
com um afecto ladainhento,
cadenciado e latejado...
condenado a ser só sim:

«amor discreto
suave afecto
olhar directo
discurso aberto...»

se este (o discurso) tem rosto?
tem!
se se dele vem ou vai voz?
não sei!

propósito não terá
como um alfabeto
que comece no zê
e acabe no a

que me incompletas e inacabas,
que me misteriosas e impulsionas,
que me dóis e me apaziguas?
oh paradoxo da carne
e do que sobra dela...

humilérrimo e vexado
confesso um afirmativo pecado,
logo seguido dum esquecimento.
que recusantemente calo:
dá-me a a boca, dá-me a mão.

P.S. - nunca 'screvas 
(nem pessoal e, menos ainda,
pessoentamente...)
às três e tal
(caramba já são 4)