domingo, 13 de novembro de 2011

não há clareiras em noites e madrugadas assim


NASCER DO DIA

Está bem, é dia - e que importância tem?
Ou, por isso, irás sair do meu lado?
Devemos levantar-nos só porque está luz?
Deitámo-nos nós porque era de noite?
O Amor, que apesar do escuro nos trouxe aqui,
Deverá, a despeito da luz, manter-nos juntos.

A luz não tem língua, é toda só olhos.
Se pudesse falar tão bem quanto espia,
O pior que diria é que, estando bem,
Eu quero gostosamente continuar
E que amo tanto o meu coração e honra
Que, de quem os guarda, não me apartaria.

São os negócios que daqui te afastam?
Oh, essa é a pior doença do amor:
O pobre, o louco, o falso, podem o amor
Acolher, mas nunca o homem atarefado.
Quem tem negócios e ama erra tanto
Quanto um homem casado que queira namorar.

(trad. Helena Barbas)

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