segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Poemas Romanov, Granadinos Literários
(vrs inic)
Eu já sabia
Na verdade que não sabia
Entendo a palavra
Esperança que é lenta
Maria, João, João, Marco
O lento tem a ver
Com o anti-rápido
Eu, prescindo do rápido
Até prescindo do viver
Desde que...
Me expliquem
O rápido de ser
(vrs última)
Eu já sabia
que a palavra
esperança é lenta
lentérrima diz o malafiscas
com a perna esquerda
septicémica
e a mesa está lazarenta
monteiristicamente falando
e o lento continua
cada vez mais rápido
quero ser o anti-rápido
prescindo do viver
desde que…
me expliquem
o rápido de ser
é melhor que não me expliquem
vão mentir
preciso da minha barba branca
tenho quase direito a ela
Marco Dias
Eu, João
Duas palavras:
Diferentes
E simpático.
Da primeira
É um pouco simples.
Da segunda
Também é simples.
Mas
Peripatético
É muito RARO, irmão
Marco Dias
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Saudando a matéria que passa, liberta momentaneamente da alma esquecida
MOMENTO NUM CAFÉ
Quando o enterro passou
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes na vida.
Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade
Que a vida é traição
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta.
Manuel Bandeira, in ""Antologia Poética" (José Olympio Ed.)
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terça-feira, 15 de novembro de 2011
Liberté
Sur mes cahiers d'écolier
Sur mon pupitre et les arbres
Sur le sable de neige
J'écris ton nom
Sur toutes les pages lues
Sur toutes les pages blanches
Pierre sang papier ou cendre
J'écris ton nom
Sur les images dorées
Sur les armes des guerriers
Sur la couronne des rois
J'écris ton nom
Sur la jungle et le désert
Sur les nids sur les genêts
Sur l'écho de mon enfance
J'écris ton nom
Sur les merveilles des nuits
Sur le pain blanc des journées
Sur les saisons fiancées
J'écris ton nom
Sur tous mes chiffons d'azur
Sur l'étang soleil moisi
Sur le lac lune vivante
J'écris ton nom
Sur les champs sur l'horizon
Sur les ailes des oiseaux
Et sur le moulin des ombres
J'écris ton nom
Sur chaque bouffées d'aurore
Sur la mer sur les bateaux
Sur la montagne démente
J'écris ton nom
Sur la mousse des nuages
Sur les sueurs de l'orage
Sur la pluie épaisse et fade
J'écris ton nom
Sur les formes scintillantes
Sur les cloches des couleurs
Sur la vérité physique
J'écris ton nom
Sur les sentiers éveillés
Sur les routes déployées
Sur les places qui débordent
J'écris ton nom
Sur la lampe qui s'allume
Sur la lampe qui s'éteint
Sur mes raisons réunies
J'écris ton nom
Sur le fruit coupé en deux
Du miroir et de ma chambre
Sur mon lit coquille vide
J'écris ton nom
Sur mon chien gourmand et tendre
Sur ses oreilles dressées
Sur sa patte maladroite
J'écris ton nom
Sur le tremplin de ma porte
Sur les objets familiers
Sur le flot du feu béni
J'écris ton nom
Sur toute chair accordée
Sur le front de mes amis
Sur chaque main qui se tend
J'écris ton nom
Sur la vitre des surprises
Sur les lèvres attendries
Bien au-dessus du silence
J'écris ton nom
Sur mes refuges détruits
Sur mes phares écroulés
Sur les murs de mon ennui
J'écris ton nom
Sur l'absence sans désir
Sur la solitude nue
Sur les marches de la mort
J'écris ton nom
Sur la santé revenue
Sur le risque disparu
Sur l'espoir sans souvenir
J'écris ton nom
Et par le pouvoir d'un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Pour te nommer
Liberté
Sur mon pupitre et les arbres
Sur le sable de neige
J'écris ton nom
Sur toutes les pages lues
Sur toutes les pages blanches
Pierre sang papier ou cendre
J'écris ton nom
Sur les images dorées
Sur les armes des guerriers
Sur la couronne des rois
J'écris ton nom
Sur la jungle et le désert
Sur les nids sur les genêts
Sur l'écho de mon enfance
J'écris ton nom
Sur les merveilles des nuits
Sur le pain blanc des journées
Sur les saisons fiancées
J'écris ton nom
Sur tous mes chiffons d'azur
Sur l'étang soleil moisi
Sur le lac lune vivante
J'écris ton nom
Sur les champs sur l'horizon
Sur les ailes des oiseaux
Et sur le moulin des ombres
J'écris ton nom
Sur chaque bouffées d'aurore
Sur la mer sur les bateaux
Sur la montagne démente
J'écris ton nom
Sur la mousse des nuages
Sur les sueurs de l'orage
Sur la pluie épaisse et fade
J'écris ton nom
Sur les formes scintillantes
Sur les cloches des couleurs
Sur la vérité physique
J'écris ton nom
Sur les sentiers éveillés
Sur les routes déployées
Sur les places qui débordent
J'écris ton nom
Sur la lampe qui s'allume
Sur la lampe qui s'éteint
Sur mes raisons réunies
J'écris ton nom
Sur le fruit coupé en deux
Du miroir et de ma chambre
Sur mon lit coquille vide
J'écris ton nom
Sur mon chien gourmand et tendre
Sur ses oreilles dressées
Sur sa patte maladroite
J'écris ton nom
Sur le tremplin de ma porte
Sur les objets familiers
Sur le flot du feu béni
J'écris ton nom
Sur toute chair accordée
Sur le front de mes amis
Sur chaque main qui se tend
J'écris ton nom
Sur la vitre des surprises
Sur les lèvres attendries
Bien au-dessus du silence
J'écris ton nom
Sur mes refuges détruits
Sur mes phares écroulés
Sur les murs de mon ennui
J'écris ton nom
Sur l'absence sans désir
Sur la solitude nue
Sur les marches de la mort
J'écris ton nom
Sur la santé revenue
Sur le risque disparu
Sur l'espoir sans souvenir
J'écris ton nom
Et par le pouvoir d'un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Pour te nommer
Liberté
in Poésies et vérités, ,1942
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domingo, 13 de novembro de 2011
vagamente graça moura
«Arrumar papéis» é perceber que tudo o resto não só está desarrumado como é inarrumável. Apareceu-me este poema que julgo ser do Vasco Graça Moura. Noto o cuidado com que o transcrevi e a urgência (por pensar então que seria óbvia?) que conduziu ao anonimato autoral
Blues da morte de amor
já ninguém morre de amor, eu uma vez
andei lá perto, estive mesmo quase,
era um tempo de amores bem sucedidos,
depressões bem sincopadas, bem graves, minha querida.
Mas afinal não morri, como se vê, ah, não,
passava o tempo a ouvir deus e música de jazz,
emagreci bastante, mas safei-me à justa, oh yes,
ah, sim, pela noite dentro minha querida.
a gente sopra e não atina, há um aperto
no coração, uma tensão no clarinete e
tão desgraçado o que senti, mas realmente,
mas realmente eu nunca tive jeito, ah, não,
eu nunca tive queda para kamikaze,
é tudo uma questão de swing, de swing minha querida,
saber sair a tempo, saber sair, é claro, mas saber,
e eu não me arrependi, minha querida, ah, não, ah, sim.
há ritmos na rua que vêm de casa em casa,
ao acender das luzes, uma aqui, outra ali.
mas pode ser que o vendaval um qualquer dia venha
no lusco-fusco da canção parar à minha casa,
o que eu nunca pedi, ah, não, manda calar a gente,
minha querida, toda a gente do bairro,
e então murmurei, a ver fugir a escala
do clarinete - morrer ou não morrer, darling, ah, sim.
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não há clareiras em noites e madrugadas assim
NASCER DO DIA
Está bem, é dia - e que importância tem?
Ou, por isso, irás sair do meu lado?
Devemos levantar-nos só porque está luz?
Deitámo-nos nós porque era de noite?
O Amor, que apesar do escuro nos trouxe aqui,
Deverá, a despeito da luz, manter-nos juntos.
A luz não tem língua, é toda só olhos.
Se pudesse falar tão bem quanto espia,
O pior que diria é que, estando bem,
Eu quero gostosamente continuar
E que amo tanto o meu coração e honra
Que, de quem os guarda, não me apartaria.
São os negócios que daqui te afastam?
Oh, essa é a pior doença do amor:
O pobre, o louco, o falso, podem o amor
Acolher, mas nunca o homem atarefado.
Quem tem negócios e ama erra tanto
Quanto um homem casado que queira namorar.
(trad. Helena Barbas)
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sábado, 12 de novembro de 2011
prodígios e martírios não são chãos nem lhanos ...serão enganos?
Agora que tudo
está acabado
sei que o mundo
está errado
de braços atados
não posso dar abraços
de braços por atar
também não pude
mas talvez tudo mude
no outro mundo
e o outro mundo
seja no fundo
e não em cima
o maior mal
é não poder dançar
por por azar
não ter par
não é não poder dançar
por ter os pés no ar
nem é não ter pés
sem pés e ao colo
vai-se de Pólo a Pólo
medito e levito
porque sofro
porque morro
em vez de par
tive carrascos
em vez de dança
desconfiança
e agora que morro
penso que
sempre morri
sofrer é morrer
viver é ser feliz
uma vaca eleva-se no ar
e isso é um prodígio
a vaca espanta-se
e não gosta
quer as quatro patas no chão
quer o bafo da terra
quer as ervas
prodígios e martírios
não são chãos nem lhanos
são enganos
nada como estar deitada
numa cama lavada
com almofada
e de mão dada
é o amor que nos salva
não a palma
ou as palmas
o zum-zum dos besouros
à volta dos louros da coroa
atordoa a santa
como uma droga boa
para entorpecer
para não ser.
Adília Lopes, in "A Bela Acordada", Black Son Editores, 1997
está acabado
sei que o mundo
está errado
de braços atados
não posso dar abraços
de braços por atar
também não pude
mas talvez tudo mude
no outro mundo
e o outro mundo
seja no fundo
e não em cima
o maior mal
é não poder dançar
por por azar
não ter par
não é não poder dançar
por ter os pés no ar
nem é não ter pés
sem pés e ao colo
vai-se de Pólo a Pólo
medito e levito
porque sofro
porque morro
em vez de par
tive carrascos
em vez de dança
desconfiança
e agora que morro
penso que
sempre morri
sofrer é morrer
viver é ser feliz
uma vaca eleva-se no ar
e isso é um prodígio
a vaca espanta-se
e não gosta
quer as quatro patas no chão
quer o bafo da terra
quer as ervas
prodígios e martírios
não são chãos nem lhanos
são enganos
nada como estar deitada
numa cama lavada
com almofada
e de mão dada
é o amor que nos salva
não a palma
ou as palmas
o zum-zum dos besouros
à volta dos louros da coroa
atordoa a santa
como uma droga boa
para entorpecer
para não ser.
Adília Lopes, in "A Bela Acordada", Black Son Editores, 1997
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quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Coprofagia
serei eu, ou seremos nós?
Coprofagia (assim como a coprofilia, também conhecido como scat), copro em latim significa "fezes" e fagia "ingestão" sendo assim: prática de ingestão de fezes. Isto ocorre naturalmente em algumas espécies de animais, como cães, gatos, insetos e aves. Relata-se também tal prática em seres humanos, porém sob a categorização de patologia de ordem psíquica, ou desvio sexual (variação da coprofilia). Existe farto material de ordem hedonista a respeito do tema, principalmente proveniente do oriente.
Em práticas de dominação sexual entre duas ou mais pessoas a pessoa dominante por vezes pode defecar sobre seu escravo, não só no corpo mas como também no rosto ou até dentro de sua boca obrigando-a até a ingerir suas fezes (da pessoa dominante), isto também é denominado "scatsex"
... e aqui chego a querer falar do que penso. nuvens de estação nenhuma; levezas de vida alguma. nada do que me move, coisa alguma do que me sofre ou faz sofrer. a vida tirou férias e eu convosco me irmano nesta mentira. diziam os outros (as verdades são assim, modestas em autorias) melhores dias virão... ao que acrescento: ou sim ou não! paradoxos à parte, vai tudo dar ao mesmo.
Coprofagia (assim como a coprofilia, também conhecido como scat), copro em latim significa "fezes" e fagia "ingestão" sendo assim: prática de ingestão de fezes. Isto ocorre naturalmente em algumas espécies de animais, como cães, gatos, insetos e aves. Relata-se também tal prática em seres humanos, porém sob a categorização de patologia de ordem psíquica, ou desvio sexual (variação da coprofilia). Existe farto material de ordem hedonista a respeito do tema, principalmente proveniente do oriente.
Em práticas de dominação sexual entre duas ou mais pessoas a pessoa dominante por vezes pode defecar sobre seu escravo, não só no corpo mas como também no rosto ou até dentro de sua boca obrigando-a até a ingerir suas fezes (da pessoa dominante), isto também é denominado "scatsex"
... e aqui chego a querer falar do que penso. nuvens de estação nenhuma; levezas de vida alguma. nada do que me move, coisa alguma do que me sofre ou faz sofrer. a vida tirou férias e eu convosco me irmano nesta mentira. diziam os outros (as verdades são assim, modestas em autorias) melhores dias virão... ao que acrescento: ou sim ou não! paradoxos à parte, vai tudo dar ao mesmo.
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