sexta-feira, 25 de março de 2011

Pier Paolo Paolini


Sesso, consolazione della miseria!

Sesso, consolazione della miseria!
La puttana è una regina, il suo trono
è un rudere, la sua terra un pezzo
di merdoso prato, il suo scettro
una borsetta di vernice rossa:
abbaia nella notte, sporca e feroce
come un'antica madre: difende
il suo possesso e la sua vita.
I magnaccia, attorno, a frotte,
gonfi e sbattuti, coi loro baffi
brindisi o slavi, sono
capi, reggenti: combinano
nel buio, i loro affari di cento lire,
ammiccando in silenzio, scambiandosi
parole d'ordine: il mondo, escluso, tace
intorno a loro, che se ne sono esclusi,
silenziose carogne di rapaci.

Ma nei rifiuti del mondo, nasce
un nuovo mondo: nascono leggi nuove
dove non c'è più legge; nasce un nuovo
onore dove onore è il disonore...
Nascono potenze e nobiltà,
feroci, nei mucchi di tuguri,
nei luoghi sconfinati dove credi
che la città finisca, e dove invece
ricomincia, nemica, ricomincia
per migliaia di volte, con ponti
e labirinti, cantieri e sterri,
dietro mareggiate di grattacieli,
che coprono interi orizzonti.

Nella facilità dell'amore
il miserabile si sente uomo:
fonda la fiducia nella vita, fino
a disprezzare chi ha altra vita.
I figli si gettano all'avventura
sicuri d'essere in un mondo
che di loro, del loro sesso, ha paura.
La loro pietà è nell'essere spietati,
la loro forza nella leggerezza,
la loro speranza nel non avere speranza.

Sexo, consolação da miséria!

Sexo, consolação da miséria!
A puta é uma rainha, o seu trono
é uma ruina, a sua terra um pedaço
de merdoso campo, o seu ceptro
uma carteira de verniz vermelha:
ladra na noite, suja e feroz
como uma velha mãe: defende
os seus haveres e a sua vida.
Os chulos, à volta, em bando,
inchados, abatidos, com os seus bigodes
brindisinos ou eslavos, são
chefes, governantes: combinam
no escuro, os seus negócios de cem liras
olhando-se em silencio, trocando
senhas secretas: o mundo, excluído, cala-se
para aqueles que se excluem,
silenciosas carcaças de predadores.

Mas nos dejectos do mundo, nasce
um novo mundo: nascem leis novas
onde já não há lei; nasce uma nova
honra onde honra é a desonra...
Nascem poder e nobreza,
Ferozes, nos amontoados de barracas,
nos espaços abertos onde se crê
que a cidade acaba, e onde ao invés,
recomeça, inimiga, recomeça
milhares de vezes, com pontes
labirintos, estaleiros e aterros,
por atrás de vagas de prédios
que cobrem horizontes inteiros.

Na facilidade do amor
o miserável sente-se homem:
assenta a confiança na vida, acabando
a desprezar quem tem outra vida
Os filhos lançam-se à aventura
seguros de estarem num mundo
que deles, do seu sexo, tem medo.
A sua piedade está em ser impiedoso,
a sua força na sua leveza
A sua esperança em não ter esperança.

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