quarta-feira, 19 de agosto de 2015
Europa : uma das piores secas de sempre
"Car celui qui doit venir viendra. Sinon l’amour n’est qu’un verre d’eau vite avalé."*
Andreï Makine , in "La femme qui attendait"
* - «Porque aquele que deverá vir, virá. Senão o amor não passa de um copo de água rapidamente engolido»
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
Noutras circunstâncias, um título redundante
Igor Posner "Second thoughts", St. Petersburg, Russia
São Petersburgo, Petrogrado, Leningrado, São Petersburgo.
Ou só "Petersburgo"ou, mais informalmente, "Peter".
Continuarão brancas as suas noites ou, pardas como a neve suja, já empapadas pelas criações escorregadias de Puschkin, Gogol e Dostoyevsky em espaços esconsos, fumegantes samovares e tapetes a forrarem paredes forradas a papel? As mesmas que hão-de sobreviver às revoluções que hão-de vir, voltar e sobrevoar holocaustos e marés de destruição em gigantescos fogos abafando vozes, gritos e choros. Como deixar de reparar quando mais tarde os prados nos sussurrarem no baptismo purificador fogos, como água e fogo se complementam no mais doméstico e primaveril baptismo, com um propósito (mesmo se misterioso para nós e que talvez por isso o reinventamos sem parar)?
Pragmatismo...
Pragmatismo assim: a frio. Quem foi que pensou primeiro e disse depois que «com coisas sérias não se brinca?». Alma arrepiante com quem evitaria estar a sós em sítio esconso, perante quem certamente aceleraria o passo numa rua deserta e húmida de Praga, Amadora ou qualquer cidade que são enganações de noite, povoadas de medos e mentiras, de passos apressados e frases sussurradas ou, pior, gritadas. Revoltas breves, como breves as raivas, húmidas e fumegantes. Dentro em pouco não restará vestígio, como se tudo não tivesse passado de breve e espasmódica alucinação.
«Alice, leva-me daqui»... Se as sombras fugazes soubessem letras e até essa imensa geografia de oceanos, montanhas e desertos salvadores não lhes estivesssem definitiva e irremediavelmente negados. Nessa outra história, ficada por contar, os cegos a quem falta a voz, certamente mereceriam (à custa de mortes, sacrifícios e abnegadas redenções em alternantes filas de hipermercado bem como de kafkianos passeios em - não adianta agora estar a fazer tardios aggiornamentos ainda que apenas estéticos e tardios - corredores de catedrais, que lá por serem de consumo não é por isso que lhes há-de faltarfaltará magestade nem transcendência ) encontrar a chave que tudo abre e a todos salva.
Literariamente, como agora é norma e ninguém parece reparar, as recentes exumações dum psicologismo totalitário, os escreventes recusam a separação entre pobreza da miséria
sábado, 8 de agosto de 2015
Gracias, Señor Keaton
Há dias em que me sinto exactamente assim. E Keatonescamente deixo o riso por conta alheia. Não acontecendo no mundo, sei (porque o sinto) que o mundo acontecerá sem se incomodar com vontades ou falta delas. Olimpicamente continuará a sua marcha em passo militar e determinado.
Agradecido, consolo-me com a certeza de por aqui já não andar muito mais tempo. O tipo de tempo que os relógios não registam, não medem nem sequer, suspeito, se lembram.
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