segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Utopias e Distopias: "A solidão é uma espécie de razão", ou "esta multidão não me dá tesão"



   Nos infinitos canais chegam notícias de marés, ruas a transbordar festa, fraternidades que a desgraça cria. Pena que o filme não tenha começado agora, pena que não consiga esquecer as razões de tudo isto (na floresta a árvore  mais alta é a geneológica). Beberia esse vinho p'las razões erradas, sendo certa a bebedeira triste e  ressaca a condizer.
   A tristeza vem toda de virar costas à afectividade fraterna do momento. Não reconheço nos rostos, nas palavras e nas razões nada de novo. Invejo, como disse, a fraternidade e a criatividade de quem não é useiro do protesto... Lamento (e dói-me) a ausência ou a banalidade do sonho.

   Encheram-se as ruas de votantes, de irmãos que recusam militantemente a liberdade e o pensamento, dos que persistem em, pragmáticos, só sentir a(s) ausência(s). Por um dia os centros comerciais estiveram menos passeados, as prestações mais pesadas, os meninos príncipes herdeiros da incúria solteira e virginal.
   Montou-se o tribunal do costume e eu já não tenho dentes para crónicas policiais nem juízo para esse tipo de paciência.A gloriosa jornada de protesto parece-me apenas uma agitada assembleia de accionistas... e eu não me sinto sócio desse negócio!

   Alheado mas não indiferente, resta-me (ou sobra-me) a esperança seminal duma natureza em que ao namoro suceda a cama e a esta o menino. Se tiver que ser de falo recolhido... pois que seja!

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ele p'ra ela

05-cla-amuo


(Carlos Tê)

Vejo que estás mais crescida
Já dobras a frustração
Bates com a porta ao mundo
Quando ele te diz não

Envolves o teu espaço
Na tua membrana ausente
Recuas atrás um passo
Para depois dar dois em frente

Amuar faz bem
Amuar faz bem

Ficas descalça em casa
A fazer a tua cura
Salva por um bom amuo
De fazer má figura

Amanhã o mundo inteiro
Vai perguntar onde foste
E tu dizes apenas
Que saíste, viajaste

Amuar faz bem
Amuar faz bem

Nada como um bom amuo
Apenas um recuo quando nada sai bem

E depois voltar
Como se nada fosse
E reencontrar o lugar
Guardado por um bom amuo

Ela p'ra ele

02-cla-adeus amor (bye bye)


(Carlos Tê)

Adeus amor que cresci
Já pouco me tens a dizer
Já bebi tudo de ti
Que de bom tinha a beber

Adeus amor, vou embora
Não me impeças por favor
Sabes que só vou agora
Porque dei tempo ao amor

Não suporto o teu modo
Carinhoso e paternal
No tom de quem sabe tudo
Sem saber o essencial

Adeus amor já me cansa
A canção do teu cinismo
Essa pose de quem dança
Sempre à beira do abismo

Adeus amor que cresci
Pouco me tens a dizer
Já bebi tudo de ti
E há mais mundo a beber

Não suporto o teu modo
Carinhoso e paternal
No tom de quem sabe tudo
Sem saber o essencial

Aluno Externo e Impaciente



   Resta a música para esconjurar este silêncio (outros haverá) que se sente como uma espécie de discurso do vazio, para não dizer outra coisa. Era hora e luz de pássaros; passada essa chegaria a dos automóveis... mas houve só continuação ameaçante das gaivotas. Duvido que chegue a dos homens e nada disto me interessa verdadeiramente, embora seja certo que sinto falta da passarada. De bichos é assim: aves e gatos. Matuto na ironia: presas e predadores.

   Quem esteve preso ou, contra vontade, militou num qualquer tipo de internamento, sabe que um homem despojado dum mínimo de objectos e imagens, de sons-confortos, da ínfima presença de caras e afectos, caminha a passos largos para uma espécie de afogamento em vida, para uma diluição agitada mas brevíssima. É disso que nessas alturas se tem medo, e este é a antecipação, o (ante)construir e o pré-vivenciar...

   Será portanto esta uma tristeza muito alegre, muito gaiteira e assobiante. Penso em palavras... quando somos pequenos não temos apetites, temos quereres (urgentes e imperiosos), depois crescemos, civilizamo-nos e insultamos a vida, persistente e diariamente: «apetecem-me bifes e beijos». Querer "querer", já não queremos nada.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

pedir desculpas... a quem??





Ah, si j'étais un mec sérieux
J'aurais une femme et des enfants
Un pavillon en banlieue
Un prêt sur le dos pendant 20 ans

Tous les matins dans le métro
Avec mon costard de blaireau
J'irais bosser comme tous ces cons
Je serais cadre dans la manutention

Mais je suis un peu déjanté
Et puis j'ai pas envie de bosser
Moi, je fais de la guitare
Je voudrais être une star

Célibataire endurci
On envie mon indépendance
Moi, je me la joue artiste maudit
Ça me donne un genre, de la prestance

Ah, si j'étais un mec baraque
Je défendrais la veuve, l'orphelin
Je distribuerais les coups, les claques
Comme on distribue des bons points

Ah, si j'étais une marmule
Il y aurait du sang sur les murs
Le premier qui me mate de travers
Je lui mets la tête à l'envers

Mais je suis un gringalet
Alors je suis pour la paix
J'essaie toujours de discuter
De ne jamais m'énerver


Mais je suis un maigrichon
Mon seul sport, c'est la course à pied
Pour éviter tous ces cons
Qui en veulent à mon porte-monnaie

Ah, si j'étais un dieu au lit
Je tromperais ma femme plus souvent
Avec des filles et des jolies
Qu'auraient à peine 18 ans

Ah, si j'étais un étalon
Je ferais des partouzes dans mon salon
J'inviterais toutes mes amies
Et je pourrais tenir toute la nuit

Mais, je suis un mauvais coup
Un coup trop rapide ou trop mou
Les filles rient jusque dans mon lit
Au bout de deux fois, elles s'enfuient

J'ai le sex-appeal d'une serpillière
Je suis obligé de faire boire pour plaire
C'est peut-être un peu dégueulasse
Mais vous feriez quoi à ma place

Ah, si j'étais grand et beau
Et si j'étais un gros costaud
Ah, si j'avais une jolie peau
Et si on m'appelait Rocco

Ah, si j'étais un peu de tout ça
Je te jure que je serais pas là
A chanter des chansons débiles
Juste pour impressionner les filles