Eu que tão pouco sei
ou mesmo quase nada,
que à custa de porfiado e incansável esforço
(característico do verdadeiro “homem sem qualidades”)
ainda acaba num vertiginoso quase zero,
fiquei hoje sabedor,
(por via de um desses enredos que a vida arranja
(por via de um desses enredos que a vida arranja
mas a literatura não aproveita,
temente da acusação de traição ao verosímil
ou ao uso meridional, que é como quem diz imoderado
da lágrima falsa ou só fácil,
tinta aguada e o obrigatório papel patogénico…)
Fiquei pois sabedor, só eu e uns milhões,
haver, algures no mundo, afinidade muito particular,
e um profundo entendimento intelectual.
Mais: que o homem que conheci
é muito interessante na maneira de vestir,
e na maneira arrojada de ser.
e agora que o conhecimento banhou de luz
a antiga ignorância feita doutro saber
ficou só este desamparo sem nome,
sem palavras nem calor…
há quem maldiga a memória, como há quem tatue
instantes, dando-lhes vida eterna, ou sombra à sua medida
e, no entanto, na boca seca ou no mundo
vislumbrado através da linha fina com que
interrogo a terra e o mundo
pergunto o que será…
…muito ou tão importante na vida pessoal e profissional de mr. Goucha.
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