sábado, 1 de setembro de 2018
Thierry Martenon
O espaço e uma obra (ao acaso) desta belíssima descoberta de hoje. O artista ou, (no mais nobre sentido da palavra) artesão chama-se Thierry Martenon e vive na remota região de Auvergne-Rhône-Alpes, cuja paisagem está tão intimamente ligada às obras que pacientemente faz. Mais, algumas dessas obras são uma memória invisível da terra que habita, resgatando e incorporando a presença do tempo (o que já esteve, o que já foi).
Deixo, pois, imagem do atelier...
e de um dos seus trabalhos de maior porte (e agrada-me que, no seu sistema de titulagem, calhe a data do meu 53º aniversário).
n°020114 (Freixo, Frêne, Ash wood, 2014, dim. 2950 x 1400 mm)
n°020114
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material madeira
sexta-feira, 31 de agosto de 2018
Lovely thinghs allways give us great pains
Lovely things, I thought much about you in childhood.
Before I had you I wanted you dearly
For you are so beautiful and have all my love.
Oh! How beautiful you are and perfectly shaped,
How clean you are and well kept,
I marvel you shine with such brightness . . .
I would never have thought you could cause me so much pain.
Poema escrito por um jovem ugandês, dirigido ou inspirado pelos seus sapatos, nos anos 50, in ‘‘A Uganda Secondary School as a Field of Cultural Change’’, de F. Musgrove, citado em "Subject to Colonialism; African Self-Fashioning and the Colonial Library", de Gaurav Desai (Duke University Press, 2001)
domingo, 29 de julho de 2018
29 de Julho de 1959
Nem sei porque exibo a manifestação de perpetuação de algo que talvez fosse melhor deixar continuar a dissolver-se no tempo. Coisas assim, destas, tendem a perder materialidade, nem sequer se perpetuando na memória, mas somente em raras e acidentais evocações. Talvez o que me faça abrandar o passo sem ao menos me deter nesta travessia dos dias, seja o pequeno fascínio que experimento ao observar este tipo de canibalismo mnémico, em que a evocação do "outro" (negativa ou positiva) tem como única lógica ontológica é um espécie de auto-justificação. "Sou na medida em que o outro foi". O paradoxo consiste em que o que se pretendia ser um resgate da morte (a ressurreição através da evocação) torna-se de facto, na morte definitiva, (a espécie de homicídio através da expropriação da identidade). Quando o outro passa de entidade própria e autónoma a mera personagem ou testemunho da nossa própria existência... por meio de uma fotografia esbatida, de uma "história" evocada.
Só melancólico, constato: seriam 59 mocas!
Só melancólico, constato: seriam 59 mocas!
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