terça-feira, 8 de março de 2011

8 de Março


                                                                                                                             © Joan Colvin

sábado, 5 de março de 2011

Ideologia Linguística ou o discurso não-neutral

 

DISFEMISMO

Dysphemia era para os gregos a palavra de mau agoiro, acto de pronunciar palavras de mau agoiro, palavras más, de desgraça. Considera-se disfemismo o uso de palavras ou expressões de carácter rude, repugnante, desagradável, agressivo ou horrível. O disfemismo, contrariamente ao eufemismo que suaviza e atenua o que é considerado obsceno ou de mau gosto, visa ferir determinados tabus de ordem religiosa, moral e social. É por tal motivo que as expressões (dis)femísticas são consideradas formas de desbragamento linguístico. Deve-se sublinhar o facto de, porque o disfemismo está intimamente ligado a factores de natureza sociocultural e ideológica, o que em dada época é entendido como eufemístico, pode mais tarde ser considerado disfemístico.
           

Portuguese Gender

Mulher casada e com filhos
mulher cheia
mulher da rua
mulher da vida
mulher de má vida
mulher de armas
mulher de casa
mulher de guerra
mulher de partido
mulher do mundo
mulher de vida fácil
mulher de virtude
mulher durázia
mulher pública
procurar mulher
ser mulher para
ver a mulher do padeiro
parecer uma mulher
dona de casa
Mulher de encher o olho
mulher de faca e calhau
mulher de faca na liga
mulher de pêlo na venta
mulher de mão esquerda
mulher de muito tratamento
mulher de soalheiro

quinta-feira, 3 de março de 2011

Mãe, eu quero ir-me embora

Mãe, eu quero ir-me embora - a vida não é nada
daquilo que disseste quando os meus seios começaram
a crescer. O amor foi tão parco, a solidão tão grande,
murcharam tão depressa as rosas que me deram -
se é que me deram flores. Já não tenho a certeza, mas tu
deves lembrar-te porque disseste que isso ia acontecer.

Mãe, eu quero ir-me embora - os meus sonhos estão
cheios de pedras e de terra; e, quando fecho os olhos,
só vejo uns olhos parados no meu rosto e nada mais
que a escuridão por cima. Ainda por cima, matei todos
os sonhos que tiveste para mim - tenho a casa vazia,
deitei-me com mais homens do que aqueles que amei
e o que amei de verdade nunca acordou comigo.

Mãe, eu quero ir-me embora - nenhum sorriso abre
caminho no meu rosto e os beijos azedam na minha boca.
Tu sabes que não gosto de deixar-te sozinha, mas desta vez
não chames o meu nome, não me peças que fique -
as lágrimas impedem-me de caminhar e eu tenho de ir-me
embora, tu sabes, a tinta com que escrevo é o sangue
de uma ferida que se foi encostando ao meu peito como
uma cama se afeiçoa a um corpo que vai vendo crescer.

Mãe, eu vou-me embora - esperei a vida inteira por quem
nunca me amou e perdi tudo, até o medo de morrer. A esta
hora as ruas estão desertas e as janelas convidam à viagem.
Para ficar, bastava-me uma voz que me chamasse, mas
essa voz, tu sabes, não é a tua - a última canção sobre
o meu corpo já foi há muito tempo e desde então os dias
foram sempre tão compridos, e o amor tão parco e a solidão
tão grande, e as rosas que disseste um dia que chegariam
virão já amanhã, mas desta vez, tu sabes, não as verei murchar.

Maria do Rosário Pedreira

terça-feira, 1 de março de 2011

Galiza



"En el mundo traidor
Nadie es verdad ni mentira:
Tudo es segund el color
Del cristal com que se mira"

Eduardo Blanco Amor (Ourense, 1897- Vigo, 1979)