quinta-feira, 24 de agosto de 2023

HOJE (hoje-antes-de-ontem; hoje-depois-de-amanhã)




As so(m)bras dos sobejos



Então: 

só nós...

(assim, sós?)


Vós e eu: nós.

assumidamente sós

ao menos por agora (seja).


só sol, apenas.

(a sombra, não o sabemos já,

há-de vir/ virá).


o recomeço

remoçado é

uma alvorada branca.

Hoje é sempre demasiado.


doces manias,

o/ um desmaiado amor,

a esperança

do resto do medo,

são o que resta 

do sobejo 

de uma malmãe.


Por isso, só sussurro

o que escarro

(e escondo

o que lembro)...


        (...)  essa é a baba

que vai habitando

a passo

o que sou, 

passeando-me

com a persistência mole

de uma 

anónima

verruga.


Do e como, 

todo o estipêndio

com que tento

tanto 

e em vão 

esquecer-te...


ah, minha miserável hantise

de trazer por casa.


A cada um o que merece

de cada não o que pede

mas o que pode.


Nessa espécie de comunismo

vivente

é que havemos de buscar,

vocabulando,

o que sabemos ser o sentido.


Somos vencidos e ainda não o sabemos.