quinta-feira, 24 de agosto de 2023

HOJE (hoje-antes-de-ontem; hoje-depois-de-amanhã)




As so(m)bras dos sobejos



Então: 

só nós...

(assim, sós?)


Vós e eu: nós.

assumidamente sós

ao menos por agora (seja).


só sol, apenas.

(a sombra, não o sabemos já,

há-de vir/ virá).


o recomeço

remoçado é

uma alvorada branca.

Hoje é sempre demasiado.


doces manias,

o/ um desmaiado amor,

a esperança

do resto do medo,

são o que resta 

do sobejo 

de uma malmãe.


Por isso, só sussurro

o que escarro

(e escondo

o que lembro)...


        (...)  essa é a baba

que vai habitando

a passo

o que sou, 

passeando-me

com a persistência mole

de uma 

anónima

verruga.


Do e como, 

todo o estipêndio

com que tento

tanto 

e em vão 

esquecer-te...


ah, minha miserável hantise

de trazer por casa.


A cada um o que merece

de cada não o que pede

mas o que pode.


Nessa espécie de comunismo

vivente

é que havemos de buscar,

vocabulando,

o que sabemos ser o sentido.


Somos vencidos e ainda não o sabemos.

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

O fim. O príncipio. O princípio do fim.

(José Saramago) El día 31 de diciembre de 1994 escribió en otro volumen de Cuadernos deLanzarote: «El tiempo es una tira elástica que se estira y se encoge. Estar cerca o lejos, allá o acá, solo depende de la voluntad»

(J.S. No dia 31 de Dezembro de 1994 noutro volume dos Cadenos de Lanzarote, escreveu: "O tempo é um elástico que se estica e se encolhe. Estar perto ou longe, lá ou aqui, apenas depende da vontade".)"


in "El limbo de los discos duros y el tiempo" prefácio de Pillar del Rio ao "El Cuaderno* del Año del Nobel"

*o Sexto

Desabafo

 

   Alude o Título ao que nunca este blog quis ser. Na verdade, sem necessidade de o afirmar como "Princípo Editorial", escudado num ecletismo formal, temático, estético cuja leitura prática baralhava pistas, era o que não queria ser, e foi sendo aquilo que, aparente e supostamente, queria não ser. Por isso, nunca encorajou comentários e quando, apesar de tudo, estes começaram a surgir, decidi sem alarido (nem sequer nomeação) acabar com essa opção.


   Ciente de que a falta de ambição garantiria um saudável (e desejável) anonimato social, foi com naturalidade que o blog adquiriu a aparência desejada(e onde fosse caso, a pronta catalogação de generalista, psudo- qualquercoisa, expressão vocal duma originalidade em busca de reconhecimento). Usando um termo emprestado: foi absolutamente intencional a falta de "estilo" (a renúncia a qualquer tipo de "especificidade" estilística ou temática - i.e. personalística)


   O nome do blog, o seu design (desentivante de interacção autor-leitor e, "last but not the least", a política ou critério de "etiquetagem" (como p.ex. o facto da matéria mais próxima da (comum) realidade localizável e/ou datável ser classificada de "amendoins" ou algo do género...) foram algumas das ferramentas (ou instrumentos) utilizadas para sugerir a natureza "alienada" do blog.


(continua)


  

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Mapa das estradas do coração

    « Nem pretensioso nem cosmopolita... Restou-me, portanto, umíssima amável intenção de não ser insultuoso. Aí vai: "Em complemento dos bichinhos, achamo-nos no tempo e no espaço. Ou seja, que não só "somos", como "vando sendo". Assim... continuadamente e sem pausas.

   ... Como vês evito as cócoras em ordem a ser compreendido, e tento ser gracioso recorrendo ao velhíssimo truque dos ventriloquo. Ilusionismo não é magia, mas também não é desvio de menores (tentado ou praticado).»


   Concluindo, sei o que é aldeanar (o Montijo talvez não tenha a grandeza de uma nação, mas é certamente uma maneira de estar na vida). Possui as facilidades de uma urbe dos nossos tempos (estabelecimento Prisional, um sobredimensionado Cais e, não ao longe mas à vista, uma Base Aérea). Eis senhores o que o Montijo é em termos físicos. O resto (como disse uma vez e continuei sempre) são silêncios e sussurros. Como qualquer pântano ou terra resgatada (os terrenos da Expo 98 foram apenas uma excepção nada portuguesa) ainda hoje são identificáveis, o salitre e o mofo, e nos nomes e olhares dos locais perdura a memória da malária.

   É minha crença que o que terá sido episódico se foi tornando marca identitária ou, perdoe_se-me o palavrório, idiossincrassia. Por outras palavras, o que começou por ser acidental passou agora a conceito (retomo o, tão português (1) uso distintivo. Pois, não me perdi !), complementar do "ser" e do (ir) "sendo"

   O trio composto pel'a Suinicultora, a Barbie e a  Funâmbula foram as minhas experiências  (ou viagens) nas paisagens, nos costumes, na língua  e no olhar e sentir aldeanos. Foi (d)isso que n\ao quis falar, mas não pude ou conseguui esquecer.

   Se é da natureza do blog ser uma terra de ninguém e de todos, território entalado entre o público e o privado e, sendo propósito do seu autor afinar intenções (que poderão ir do pedagógico ao egocêntrico mais ou menos disfarçado), não poderia pretendir travestir uma mágoa (pessoal, pequena, mesquinha) em outra qualidade de coisa. Resta-me saber que, por vezes, é no particular que se adivinha o universal.

 Se o Silêncio pretendeu ser uma declaração de desdém, e contínuo selectivo (raio de nome !), a Memória triunfou. Como sempre, aliás

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

talvez música

Um regresso que o não é. Em lingugem coloquial é uma espécie de dizer o "faça o favor de entrar" e calar o "sente-se, esteja à vontade". Do que sucedeu entretanto, houve o COVID (e o confinamento), houve (e há) guerra. Em jeito de balanço, pessoal e colectivo, terá havido muito mais razões a dar razão aos tristes e aos pessimistas do que aqueles que habitam a vida solar e sorridente. Esta questão do "sans souci" dá pano para mangas, sedo na verdade uma conversa à parte e por si só. Resumidammente, regressei. Enquanto decido se fico ou me reparto, nesse entretanto, partilharei a desordenada constelação do que me toca, enternece (e faz sorrir), daquilo que me preocupa e assusta, do que me fere e enfurece. Sobre se deveria partilhar (ou publicitar) essa espécie de roupa usada, ficou a dúvida tratada aquando da decisão de criar um blogue.
Nem a propósito encontrei esta brasileira definição sobre o que é, ou deveria ser um blog:

Blog: Página web com informações (geralmente inúteis) sobre o cotidiano de algo ou alguém. Existem blogs de sexo, piadas, carros, motos e de coisas inúteis, como a vida dos blogueiros. Os blogs mais númerosos na web são os dos emos, que além q não terem algo mais interessante para fazer, eles querem que os seus colegas (conhecidos como miguxos) vejam as suas fotografias para chorarem coletivamente. 
in "https://www.dicionarioinformal.com.br/diferenca entre/blog/blogue" 

...enfim, melhores, concerteza diferentes dias virão Como diziam "os outros": and now for something completely different...