segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Palavras para quê?



quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Uma Hora e Um Quarto com Alfred Eibel


"Uma Hora e Um Quarto com..." que, neste caso, bem poderia ser, "Uma Hora e uma Sala com ..." pela génese da história, pelo acaso que me conduziu à (feliz) descoberta de Eibel e em homenagem a estas pequenas transcendências  que à falta  muito adequadamente, o seu quê de cinematográfico e que conto narrar em futuro post

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Sem remorsos (M.R.L.)





Eu que tão pouco sei 
ou mesmo quase nada, 
que à custa de porfiado e incansável esforço 
(característico do verdadeiro “homem sem qualidades”) 
ainda acaba num vertiginoso quase zero,

fiquei hoje sabedor,
(por via de um desses enredos que a vida arranja 
mas a literatura não aproveita, 
temente da acusação de traição ao verosímil
ou ao uso meridional, que é como quem diz imoderado 
da lágrima falsa ou só fácil,  
tinta aguada e o obrigatório papel patogénico…)

Fiquei pois sabedor, só eu e uns milhões,
haver, algures no mundo, afinidade muito particular, 
e um profundo entendimento intelectual.
Mais: que o homem que conheci
é muito interessante na maneira de vestir, 
e na maneira arrojada de ser.

e agora que o conhecimento banhou de luz
a antiga ignorância feita doutro saber
ficou só este desamparo sem nome,
sem palavras nem calor…

há quem maldiga a memória, como há quem tatue
instantes, dando-lhes vida eterna, ou sombra à sua medida
e, no entanto, na boca seca ou no mundo
vislumbrado através da linha fina com que
interrogo a terra e o mundo
pergunto o que será…

…muito ou tão importante na vida pessoal e profissional de mr. Goucha.

sábado, 15 de dezembro de 2018

Não me lembrei de (me) esquecer ...ou terá sido de me lembrar?






(Dave McKean)




                              « Esquecer é lembrar-se que tudo é belo. »
                                 Quem é que disse isso?
                                 Esqueci-me.



quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

De Tires a Custóias

   Sem partir (ainda que descuidado) partilho o José Sesinando extirpado de adjectivo e nome de conservatória. Para enternecimento das almas (que ainda as, poucas, há!) sensíveis torno público ter sido a prenda que a mim mesmo ofereci, nataliciamente, ignorando as brancas admoestações da Natália, por vezes tão pó-de-talco. Seja



POETA: O MANFO LÍRICO

Sou pimpão pelintra, sou chulo coeso:
anfibologia do teso e do teso.
Coberto de penas onde houvera pena,
em lirismo apenas cumprirei a pena.

Com lixá-la, lixo-me, apenso ou anexo.
Triste condição: pronome reflexo!
Incompleta lista, capelista lesta:
A juras, o verbo se empresta.

(1963)



a murável

amar gor ou gura
amarga esta boca
nem cremos na cura

amor udo ou pouca
osamente oca
nem queremos a cura

assim há ácido
acidulosento
veneno oso ou ento

bruto elo ou avo
toda a Ana é Plácido
ora esse é que é o travo

vibre brava e brame
malta uita que ame
algo em ures e bravo

(1964)

sábado, 8 de dezembro de 2018

Num seco Dezembro


                                        Der Gang Im Der Nacht (A Passagem na Noite), Dave Mckean


“Le matin, j’emerge de mes rêves, le plus heureux des anges. (…)
Je me couche le soir, un vrai salaud./
Qu’ai-je donc fait entre-temps ? /
J’ai fréquenté les hommes et fouillé dans leur merde.”
     
                                   Abdulah Sidran (Sarajevo - 1993)


De manhã, saio dos meus sonhos, o mais puro dos anjos. (...)
Já à noite, me deito um verdadeiro canalha./
Que fiz, então, entretanto ?
Convivi com os homens e remexi a sua merda.
                                           (tradução - livre & minha)




quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Era ou Seria se Fosse. E é certo: há-de Ser.


   O título remete para o inacessível ( próprio de tudo o que foi tocado pela, ainda que fugaz, presença do misterioso). Uma homenagem pode ser uma declaração de cobardia e esta é-o, em definitivo.

   Uma manhã como a de hoje, que mais do que não nos receber, nos aparta e insiste na sua acusação sem pausas, da nossa condenação à condição de estranhos, de proscritos e (não, não há aqui qualquer contradição), a bem de eventuais e temporárias conveniências, "tolerados".

Um encontro de dois
Olho a olho
Cara a cara
E quando estiveres perto
Eu arrancarei teus olhos
E colocarei no lugar dos meus
E tu arrancarás meus olhos
E colocarás no lugar dos teus
Então eu te olharei com teus olhos
E tu me olharás com os meus.
         Texto de Moreno, incluido por Maria Bethânia no seu espectáculo "Rosa dos Ventos" (1971)



segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Patrioteiro e nacionalista.



     Que bom que é ter uma casinha. A não perder   a-b-s-o-l-u-t-a-m-e-n-t-e.





(Um site onde pode ser como é, sem se torturar por isso , neste mundo como ele é, sem consequências de maior, nem complexos de culpa)



(um exemplo)

     Comprovadamente, visitas esporádicas, mais ou menos frequentes, fazem bem às saúdes e não atacam bolsos nem provocam azias.


quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Picasso



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sábado, 1 de setembro de 2018

Thierry Martenon


   O espaço e uma obra (ao acaso) desta belíssima descoberta de hoje. O artista ou, (no mais nobre sentido da palavra) artesão chama-se Thierry Martenon e vive na remota região de Auvergne-Rhône-Alpes, cuja paisagem está tão intimamente ligada às obras que pacientemente faz. Mais, algumas dessas obras são uma memória invisível da terra que habita, resgatando e incorporando a presença do tempo (o que já esteve, o que já foi).

   Deixo, pois, imagem do atelier...


e de um dos seus trabalhos de maior porte (e agrada-me que, no seu sistema de titulagem, calhe a data do meu 53º aniversário).


n°020114 (Freixo, Frêne, Ash wood, 2014, dim. 2950 x 1400 mm)
n°020114 




sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Lovely thinghs allways give us great pains


Lovely things, I thought much about you in childhood.
Before I had you I wanted you dearly
For you are so beautiful and have all my love.
Oh! How beautiful you are and perfectly shaped,
How clean you are and well kept,
I marvel you shine with such brightness . . .
I would never have thought you could cause me so much pain.



Poema escrito por um jovem ugandês, dirigido ou inspirado pelos seus sapatos, nos anos 50, in ‘‘A Uganda Secondary School as a Field of Cultural Change’’, de F. Musgrove, citado em "Subject to Colonialism; African Self-Fashioning and the Colonial Library", de Gaurav Desai (Duke University Press, 2001)

Quando começou o hoje ?




   No fundo, 2 "amatory messages".

domingo, 29 de julho de 2018

29 de Julho de 1959

   Nem sei porque exibo a manifestação de perpetuação de algo que talvez fosse melhor deixar continuar a dissolver-se no tempo. Coisas assim, destas, tendem a perder materialidade, nem sequer se perpetuando na memória, mas somente em raras e acidentais evocações. Talvez o que me faça abrandar o passo sem ao menos me deter nesta travessia dos dias, seja o pequeno fascínio que experimento ao observar este tipo de canibalismo mnémico, em que a evocação do "outro" (negativa ou positiva) tem como única lógica ontológica é um espécie de auto-justificação. "Sou na medida em que o outro foi". O paradoxo consiste em que o que se pretendia ser um resgate da morte (a ressurreição através da evocação) torna-se de facto, na morte definitiva, (a espécie de homicídio através da expropriação da identidade). Quando o outro passa de entidade própria e autónoma a mera personagem ou testemunho da nossa própria existência... por meio de uma fotografia esbatida, de uma "história" evocada.

   Só melancólico, constato: seriam 59 mocas!


segunda-feira, 4 de junho de 2018

Homenagem ao Carteiro



   Os CTT passaram a ser, desde Setembro de 1994, uma empresa 100% privada. A conclusão da segunda fase da privatização da empresa, com a venda dos 31,5% que a Parpública ainda detinha, rendeu 343 milhões de euros aos cofres do Estado. Se somados aos valores arrecadados na primeira fase, o encaixe financeiro final ascendeu a 909,2 milhões de euros. Contas feitas, o montante das receitas com as privatizações feitas desde 2011 já totalizam os 6,7 mil milhões. Mas não irá ficar por aqui: estão por apurar os custos da operação, bem como concluir a investigação sobre eventuais irregularidades operacionais.
   Respondendo a crescentes rumores sugerindo falta de transparência em todo o processo, havendo até acusações de alegada destruição de documentos bem como ao silenciamento de testemunhos que suportariam tais alegações, a nova Administração da empresa emitiu um comunicado onde reitera a sua plena confiança na auditoria entretanto feita após a qual apenas "recorrendo a um microscópio" seria possível calar os "mal-intencionados elementos que, sustentando teorias conspirativas" repetidamente dão crédito a alegadas fugas de informação", concluindo ser "a vocação e o objectivo da empresa, melhorar os actualmente calamitosos serviços postais, com especial atenção à área da logística física", rematando com "o desejo de olhar o futuro". 
   No final da leitura da comunicação, disse o Dr. M, em jeito de desabafo, "estar já cansado de enredos de má ficção científica" e ser chegada a hora de "deixar de lado histórias de discos voadores para, com os pés no chão, alcançar a excelência na prestação dos nossos serviços", acrescentando "é e será sempre a nossa principal preocupação, prestar com exemplar empenho e eficiência aquilo que, apesar de em mãos  privadas, ser um serviço de utilidade pública."    "Esta empresa, com o empenho e competência do conjunto dos seus trabalhadores (a começar nos seus dirigentes) saberá estar à altura da enorme responsabilidade que este desafio representa", concluiu.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

...mas afinal do que é que nos queixamos?

   
   Nem de propósito a origem etimológica (ramo grego) da palavra "felicidade"  é PHYO “produzir” (conot. “fecundo, produtivo”). Já se sente a má-consciência justificativa do Hommo Faber. Provavelmente teríamos de retroceder até à "invenção" da agricultura e da pecuária, por um lado e, por outro, à da linguagem e em que a para chegarmos ao momento em que o Homem se perde a si próprio. É nessa autêntica revolução ontológica em que o ser humano passando da constatação à interrogação, aciona um mecanismo de auto-destruição, imparável. É nesse momento que o Homem, como o entendemos hoje, (como somos) nasce verdadeiramente. A Gestação (o período em que existimos mas ainda não somos)fica-nos a inacessível memória que perdurará em nós como Inconsciente Colectivo, cerrada e intransponível floresta, donde expulsos traremos os sonhos, perecíveis e contamináveis pela História) mas sobretudo os mitos. A terra não nos fornece paisagem equivalentes ao Paraíso (incompleto)